quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Auditoria da dívida já!

A auditoria da dívida do Estado Brasileiro – Disciplina de Sociologia: 1
  • Auditoria é um estudo ou uma análise.
  • A auditoria da dívida do Estado é uma tentativa de se descobrir para onde vai o dinheiro que o Estado paga de sua imensa dívida interna e externa.
  • Essa dívida é o principal problema econômico e social do Brasil, pois ela gera todos os outros problemas. Exemplo: escolas sem infra estrutura, hospitais sem aparelhos e médicos, estradas e ruas esburacadas, juventude sem lazer e sem acesso a cultura, são consequências da falta de verba do Estado para investir nessas áreas pois a dívida é imensa.
  • No final do ano 2000 foi criado o Movimento pela Auditoria Cidadã da Dívida. O movimento desconfia que no Brasil, e em outros países pobres, exista um “sistema da dívida”, que mantém diversas nações presas a esses problemas e as impedem de se libertar.
  • Para o Movimento pela Auditoria, existem fraudes nos pagamentos das dívidas. O esquema funciona assim: o Estado faz um empréstimo com um banco estrangeiro ou com um investidor, não recebe o valor combinado no empréstimo, mas é obrigado a pagar sem atraso as mensalidades por um empréstimo que não recebeu.
  • Equador e Grécia chamaram o movimento pela auditoria para estudarem suas contas. Descobriram uma fraude de mais de metade dos pagamentos que eles faziam. Daí em diante o Equador só voltou a pagar aquilo que eles realmente deviam e não por fraudes impostas. A Grécia recuou, pois ficou com medo da reação dos mercados.
  • No Equador, o dinheiro economizado nessa auditoria foi tanto, que eles puderam investir melhor em saúde e educação de seu povo.
  • Somos nós brasileiros que sofremos com o pagamento dessa dívida injusta. Por isso devemos defender uma análise, um estudo ou uma auditoria da dívida do Estado, para libertar o Brasil desse “sistema da dívida” que nos mantém escravos e nos impede de avançar.
  • É o que o movimento pela auditoria quer fazer aqui no Brasil.
  • No ano de 2016, pagamos pelos juros da dívida (apenas pelos juros), quase 44% do orçamento do Estado brasileiro. Enquanto saúde e educação recebem apenas algo em torno dos 4%. É muito pouco para a população e muito dinheiro para os mais ricos.
  • E nós nem sabemos quem recebe esse dinheiro pago pela dívida.


1 Texto do Professor Fernando Monteiro. Bacharel com licenciatura plena em Ciências Sociais pela PUC-SP, com especialização e mestrado em Filosofia também pela PUC-SP.

Dicas de bons sites para se informar:

Como se informar corretamente sobre o que acontece no mundo?1

Hoje a informação que chega a todos nós é filtrada e manipulada pelas grandes empresas jornalísticas que defendem suas opiniões e suas posições políticas como “verdades” a serem aceitas e seguidas. Por isso a importância de uma imprensa alternativa.

Comece a conhecer outros meios de comunicação mais democráticos. Estes veículos de comunicação possuem as portas abertas para o mundo, para a Ciência e a Universidade. Alguns podem agir de uma forma mais ou menos parcial. Mas são geralmente mais éticos do que a grande imprensa conservadora: Globo, SBT, Band, Record, CNN, Fox, CBS, Clarín, etc... são exemplos de grupos de informação mais parciais e conservadores nos seus noticiários. Visite-os e guarde os endereços nos seus favoritos.

Na Internet - Jornais:
brasil.elpais.com
bbc.com/brazil
opublico.pt
dw.com
midiaindependente.org
midianinja.org
brasildefato.com.br
redebrasilatual.com.br
cartamaior.com.br
apublica.org
medium.com/jornalistas-livres
brasil247.com

Revistas impressas – nas bancas:
cartacapital.com.br
carosamigos.com.br
diplomatique.org.br

Canais de TV:
TV Brasil:
tvbrasil.ebc.gov.br
TV Educativa - RS:
tve.com.br
TV Minas:
redeminas.tv
TV É Paraná:
http://www.e-parana.pr.gov.br/modules/programacao/tv_ao_vivo.php
TV Cultura:
tvcultura.com.br
Tele Sur:
TV Câmara dos Deputados:
TV Senado:
http://www.senado.gov.br/noticias/tv/

Sites de informações e notícias de movimentos sociais e populares no Brasil e no mundo:
mst.org.br
mtst.org
une.org.br
ubes.org.br
cut.org.br
cspconlutas.org.br
intersindicalcentral.com.br
iwa-ait.org
greenpeace.org.br
sosma.org.br
peta.org
wwf.org.br


1 Texto do Professor Fernando Monteiro. Bacharel com licenciatura plena em Ciências Sociais pela PUC-SP, com especialização e mestrado em Filosofia também pela PUC-SP.

Robert Bullard e o racismo ambiental:

20 de novembro: dia da consciência negra.
5 de junho: dia mundial do meio ambiente.
Racismo ambiental:

O “racismo ambiental” é um conjunto de práticas promovidas por governos, empresas e outras instituições, que tem por finalidade expor minorias raciais, étnicas, de gênero, entre outros, a perigos ambientais e diversos riscos a saúde, por compreender que tais minorias poucas chances possuem de se defender de tais agressões.
Segundo o Sociólogo americano Robert Bullard, o racismo ambiental “se refere a políticas, práticas ou diretrizes ambientais que afetam diferentemente ou de forma desvantajosa (seja intencionalmente ou não) indivíduos, grupos ou comunidades com base na cor ou raça, podendo ser reforçadas por instituições governamentais, jurídicas, econômicas, políticas e militares”.
O “racismo ambiental” expõe as diversas minorias ao contato com produtos químicos nocivos, agrotóxicos e substâncias perigosas e cancerígenas; favorece o desenvolvimento de tecnologias “perigosas”; explora a vulnerabilidade das comunidades que são privadas de seus direitos econômicos e políticos; apoia a destruição ecológica; cria uma indústria especializada na avaliação de riscos ambientais e sociais; expõe minorias étnicas, raciais, imigrantes, mulheres a perigos de saúde, ao trabalho degradante e muitas vezes ao trabalho escravo.
Para se contrapor ao “racismo ambiental”, existe o conceito de “justiça ambiental”. Ele é a base de diversos movimentos pelo mundo que tentam defender as minorias que sofrem com exposição a tais problemas ecológicos e de saúde, além de punir empresas, governos e outros por tais práticas de discriminação.
Um exemplo típico de caso de racismo ambiental no Brasil foi o desastre da usina de rejeitos na barragem de Mariana, que destruiu a vida de comunidades próximas e destruiu a vida do rio até desaguar no oceano. O problema é tão sério que a maior parte das cidades e comunidades que viviam do rio não podem mais utilizá-lo para captar água e nem se alimentar. A empresa responsável pela tragédia, Samarco, propriedade da empresa de mineração Vale do Rio Doce, até hoje não pagou pelo desastre e pelas perdas das famílias da região.
A “justiça ambiental” tem cinco princípios para proteger o povo e o meio ambiente:

1-Todos os indivíduos devem ser protegidos da degradação ambiental.
2-Preparar o sistema de saúde para detectar os problemas quando aparecerem. Assim os cuidados imediatos à população prejudicada são maiores.
3-Os poluidores é que devem provar que não poluem e não o povo.
4-Partir do princípio que o problema deve existir: sempre. Isto pode evitar maiores conseqüências para a população mais pobre.
5-Manter ativa as fiscalizações e políticas para se evitar tragédias. Fundamental para prevenir que o problema ocorra ou se repita.

Estes princípios são um alerta para os pobres e minorias que vivem em áreas de risco, próximas a áreas de poluição ou que são obrigados a se expor ao trabalho degradante, insalubre e periculoso. O movimento de “justiça ambiental” acaba sendo uma grande crítica ao sistema capitalista e a destruição do meio ambiente promovida pela busca do lucro acima de quaisquer valores e acima da vida humana e da própria natureza.

Trabalho:

1-O que é o conceito de “racismo ambiental”?
2-O que é o conceito de “justiça ambiental”?
3-Por que o acidente de Mariana é um caso de racismo ambiental? Explique.
4-Quais os princípios do movimento de “justiça ambiental”?
5-Qual sua opinião sobre o problema do “racismo ambiental”? Explique.

Texto do professor Fernando Monteiro. Bacharel com licenciatura em Ciências Sociais pela PUC-SP com especialização em Filosofia pela UGF-SP e mestrado em Filosofia também pela PUC-SP.

Star wars: entre a república e o império.

Império versus República1:

Império: Regime político onde quem governa é o imperador. No passado, se tratava de um vasto território, podendo ser contínuo ou não, governado por um tirano, que exercia funções de mando, exploração direta e submissão de muitos povos aos seus desejos.

Hoje, o império age de modo disfarçado. Ele não precisa comandar fisicamente ou militarmente uma nação. Ele pode influenciar as decisões de outros países através da política, da cultura, da manipulação da grande mídia de modo a se beneficiar com isso. É o que se chama na política de soft power. Não existe o entendimento de que outro povo tem os seus direitos quando existem impérios.

De acordo com Lênin em sua obra "O imperialismo", o império hoje está associado a diversas transformações na economia mundial. Ele uniu o capital da indústria com o capital dos bancos, o que acabou criando grupos econômicos grandiosos que muitas vezes comandam a economia de um país inteiro. Muitas vezes esses grupos também mandam e desmandam nos próprios Estados Nacionais, não levando em consideração as necessidades do povo.

Outra característica do império, é que ele assumiu o controle de imensas quantidades de terra em todo o mundo, geralmente explorando matérias primas. Os maiores impérios hoje são: Os Estados Unidos, Alemanha, França, Inglaterra, Japão, China e Rússia. O Brasil, para muitos estudiosos também é considerado um império, mas de característica regional.

República: A palavra república vem do latim (res e publica) e significa coisa pública ou coisa do povo. A concepção da República está ligada a capacidade de se diferenciar o que é do particular e o que é de todos. Na república, deve haver o respeito ao que é do coletivo, ao que é comum. Deve haver um entendimento entre as pessoas de que elas devem compartilhar diversas coisas e mesmo sendo compartilhado, estes objetos pertencem a todos e a cada um de nós.

Isso serve para coisas simples que vão desde o uso compartilhado do livro pedagógico na escola, do uso da carteira e da mesa escolar, até coisas mais complexas, como o dinheiro dos impostos recolhido pelos governos.

A república pode dar a possibilidade de mudança de governos através do voto. No Império, isso dificilmente acontece, pois, apesar de haver eleições, qualquer um dos vencedores, respeitará a vontade e os projetos dos grandes grupos econômicos de seus países e de outros lugares. E não a vontade do povo.

Na república existe uma lógica de se compartilhar coisas públicas para o bem comum. No império, também podemos compartilhar algumas coisas públicas, mas sua orientação é a da acumulação e não da divisão. O império trabalha com a lógica do acúmulo, enquanto a República pode trabalhar com a lógica do compartilhamento.

Na república não deveria haver corrupção, pois este ato é anti-republicano por excelência. Quando ocorre a corrupção, todos deixam de ganhar. No final das contas, até o corrupto perde, pois como parte de uma sociedade, ele desequilibra a ajuda para quem mais precisa.

No cinema, o conflito milenar entre a república e o império ficou conhecido nos filmes de “Guerra nas Estrelas” ou “Star Wars” do diretor George Lucas. Os Jedi e Luke Skywalker defendendo a república e a paz entre os diversos povos do universo e, no outro lado, o personagem de Darth Vader defendendo a concentração do poder em suas mãos para dominar todos os povos conhecidos.

Exercícios:

1-O Brasil é uma república ou é um império? Ou ambos? E os EUA? Explique.
2-Cite três exemplos da presença da república no seu cotidiano.
3-Cite dois atos republicanos e dois anti-republicanos.
4-Cite dois exemplos da lógica do acúmulo no império e do compartilhamento na república.
5-O que é o soft power? E o hard power? Dê exemplos.


1 Texto do professor Fernando Monteiro. Bacharel com licenciatura em Ciências Sociais pela PUC-SP com especialização em Filosofia pela UGF-SP e mestrado em Filosofia também pela PUC-SP.

A informação é livre? E o conhecimento?

A informação é livre ou é censurada?1
  • Hoje a informação é controlada em todo o mundo por grandes veículos de comunicação.
  • Grandes empresas de comunicação decidem o que deve ou não ser notícia.
  • O que acaba sendo noticiado para a população são as informações que apoiam os interesses destes poderosos donos da mídia.
  • Informações ou conhecimentos que contrariam os interesses destes bilionários são ocultadas, não publicadas ou escondidas da população.
  • Por causa desta censura prévia, parte da sociedade tem criado as “mídias alternativas” para explicar a população seu ponto de vista sobre um determinado problema.
  • Exemplos de informações que não são repassadas pela grande mídia:
  1. Quando ocorreram as greves gerais neste ano de 2017 no Brasil, os telejornais, as grandes rádios e os jornais impressos, não avisaram a população de que os transportes estariam parados no dia da greve. Milhões de brasileiros saíram de casa de madrugada para o trabalho e não tiveram meios de se locomover. Por que a grande mídia não avisou a população?
  2. O debate sobre temas importantes para a sociedade também não é feito. Questões como aborto, legalização das drogas, eutanásia, redução da maioridade, reformas trabalhistas, previdenciárias, tributárias, da educação e tantos outros problemas, não são discutidos. A grande mídia ou grande imprensa nem dá a chance ao debate. Na maior parte das vezes, nem quem é a favor e contra tais dilemas tem espaço para dialogar.
  • É por este e outros motivos que sindicatos, movimentos de estudantes, das mulheres, da juventude, dos negros, indígenas, defensores dos animais, da natureza e de tantas outras causas, criam suas próprias “mídias alternativas” ou “independentes”.
  • Sites, páginas nas redes sociais, blogs, grupos de zap e outras ferramentas vem sendo usadas por estes movimentos para tentarem informar melhor a população sobre os problemas da sociedade e como resolvê-los.
  • Parte da população, diante dessa situação, também tenta criar as rádios e Tv’s piratas para se comunicarem com a sociedade. São emissoras que não tem autorização do Estado para funcionar, mas burlam essa regra e ajudam as comunidades em que vivem.
  • Essa censura dos grandes veículos de comunicação (ou da grande imprensa), é um sinal da falta de democracia no Brasil. Os ricos tem acesso aos grandes meios de comunicação, os pobres e a classe média não.
  • Essa censura mostra a necessidade de uma reforma da democratização dos meios de comunicação no Brasil.
  • De acordo com o Professor dos MIT, Noam Chomsky, a mídia é o maior inimigo da democracia nos EUA. Podemos dizer que no Brasil também é assim.
  • A grande pergunta que é importante ser feita é: se os ricos controlam a mídia e a mídia controla os pobres, então, pela lógica, os ricos controlam os pobres?
Exercícios:
1-Existe censura das informações no Brasil e no mundo? Explique.
2-Por que parte da população utiliza as mídias alternativas? Explique.
3-Por que a grande mídia deixa de noticiar tantas coisas? Explique.
4-O que é uma reforma da democratização da mídia?
5-Voltando ao questionamento acima: teoricamente, se os ricos controlam a mídia e a mídia controla a consciência, as opiniões e a “cabeça” dos pobres, então, pela lógica, os ricos controlam os pobres? Explique.


1 Texto do Professor Fernando Monteiro. Formado em Ciências Sociais, com bacharelado e licenciatura pela PUC-SP (2007). Além de especialização em Filosofia pela UGF (2012) e Mestrado também em Filosofia pela PUC-SP (2014).

Mídia oficial versus Mídia alternativa:

Mídia alternativa (ou independente) versus Mídia oficial (ou grande mídia):1

Em todo o mundo, existem dois tipos de imprensa. Uma, está próxima do povo (a alternativa ou independente), e a outra está distante das necessidades dos mais carentes (mídia oficial ou grande mídia).

Mídia independente ou alternativa:
Características:
  • Ligada aos movimentos sociais e populares: sindicatos, grêmios de estudantes, associações de bairro, centros acadêmicos, movimentos ambientais e de defesa animal, associaçõess culturais, entre outros.
  • Geralmente defendem uma causa: defendem os índios, a natureza, os animais, os negros, as mulheres, os estudantes, os trabalhadores, entre outros.
  • Estão no dia a dia do povo.
  • Se preocupam muito em educar o povo.
  • Tem público muito menor do que a grande mídia.
  • São patrocinados pelo povo.
  • São imparciais. Tentam representar os interesses da maior parte da sociedade.
Mídia oficial ou grande mídia:
Características:
  • Ligada aos interesses dos grandes empresários.
  • Patrocinada pelas grandes marcas.
  • Sem preocupação com a população ou em educar o povo.
  • O interesse é o lucro e não o bem estar da população.
  • Tem grande público.
  • Não aceitam a participação do povo na programação e conteúdos.
  • No Brasil, apoiaram a ditadura militar.
  • Se comportam como juízes da opinião pública, influenciando a posição da população.
  • São parciais, ou seja, elas tem um lado quando a questão é política ou economia. E o lado delas não é o lado do povo.
Exercícios:
1-O que são as mídias independentes (ou alternativas) e as mídias oficiais (ou grande mídia)? Explique.
2-Qual a diferença entre a grande mídia e a mídia oficial? Explique.
3-Qual dos dois tipos de mídia é mais justa? Explique.
4-Se você comandasse a programação da TV, o que mudaria nela? Explique.
5-Cite um exemplo da mídia oficial e um exemplo da mídia alternativa. Explique.
6-Por que uma tem grande público e a outra não? O que isso demonstra? Explique.
7-Por que a mídia oficial não aceita a participação do povo na programação e nos conteúdos? Explique.
8-Por que o interesse de uma é o lucro e da outra não? O que isso causa na programação delas? Explique.
9-Por que o patrocínio de ambas é diferente e desigual? Explique.
10-Na sua opinião, oque deve ser feito para se resolver essa situação? Explique.


1 Texto do Professor Fernando Monteiro. Formado em Ciências Sociais, com bacharelado e licenciatura pela PUC-SP (2007). Além de especialização em Filosofia pela UGF (2012) e Mestrado também em Filosofia pela PUC-SP (2014).

Theodor Adorno e o conceito da Indústria Cultural.

A cultura liberta ou oprime o homem?
O que é Cultura?1

Cultura é um conjunto de manifestações de um povo, de uma sociedade ou etnia, que visam desenvolver questões do comportamento individual e coletiva de seus participantes, envolvendo hábitos alimentares, da dança, na música, das diversas artes, costumes e tradições, assim como as técnicas que possam estar sendo utilizadas para a manutenção e desenvolvimento destas mesmas manifestações.

Indústria Cultural” – Theodor Adorno (1903-1969):

É um conceito criado pelo Filósofo e Sociólogo Theodor Adorno para explicar como a cultura é produzida no século XX em diante nas sociedades capitalistas. Para Adorno, a cultura passou a ser mais uma mercadoria a ser vendida e comercializada, como outro produto qualquer. A Indústria cultural é um conjunto de técnicas utilizadas pela Indústria para seduzir, domesticar e dominar uma sociedade. Ela tem o objetivo de entreter os indivíduos, fazendo com que os mesmos não percebam que, ao assistir TV, ouvir rádio, escutar música, entre outras atividades, eles estão sempre submetidos aos valores e cultura do sistema que os explora.

Adorno também fala da falsa liberdade de escolha: ao ligarmos a TV ou uma estação de rádio, temos a liberdade de escolher a programação ou o canal que desejamos, seja ela mais culta ou não. Adorno diz que isso é uma mentira que nos dizem os veículos de mídia e a cultura de uma forma geral na sociedade. Na verdade, toda e qualquer programação, seja das TV’s, rádios e outros veículos, sempre vão desenvolver questões ou temas que estejam de acordo com os princípios do sistema econômico e político dominante em cada sociedade. Não se assistirá em horário nobre uma novela que ensine os trabalhadores a criarem consciência de suas situações de miséria para que confrontem o sistema a partir desse aprendizado.

A Indústria Cultural também funciona como “lavagem cerebral” das pessoas. Hoje, esta política é muito clara nas rádios com o nome do que se chama por “jabá”. As gravadoras pagam valores às emissoras de rádios para que toquem músicas de grandes bandas ou cantores. As pessoas ouvem nas rádios e compram cd’s, discos, álbuns destes cantores que tocam nas rádios, dando um retorno financeiro imenso à “Indústria Cultural”. E assim as pessoas não percebem que estão sendo enganadas.

Adorno também vai dizer que tais políticas dos grandes veículos de comunicação cultural padronizam os gostos, a estética e o imaginário individual e coletivo nas pessoas para que se acostumem com filmes de ação, cultura da violência, competição, anulação do outro, entre outros valores. Por exemplo, o tipo de corpo ideal das mulheres ou dos homens, o tipo de roupa a se vestir, o tipo de música a se ouvir, entre outros, são exemplos dos padrões que a Indústria Cultural nos impõe.

Esta padronização também é uma forma de manter o controle das sociedades e de facilitar as vendas e o comércio, pois não existe inovação nesta Indústria, apenas repetição de si mesma. Esta padronização também atinge as outras Indústrias no capitalismo segundo o autor. Adorno escreve que qualquer criança sabe que não existem diferenças muito profundas entre um carro da GM e um da Chrysler. E isso se manifesta para as outras mercadorias: músicas iguais, filmes sempre iguais, novelas e livros que sabemos o fim da história (pois são iguais), entre outras.

Na sociedade capitalista, tudo tem algum objetivo. Dessa forma, cultura e arte são facilmente transformados em mercadoria. Por exemplo, música para divertir, filme para passar o tempo, livros para se entreter, etc. Para os autores, se a arte perdesse essa função, que no Capitalismo é a diversão e o entretenimento, ela poderia despertar uma consciência crítica nas pessoas, para que as mesmas refletissem sobre sua situação pessoal e coletiva dentro da sociedade. Aí sim, a arte se tornaria revolucionária.

É possível pensar em outra sociedade, em outra arte e em outra cultura? Para Adorno sim. O estágio atual em que se encontra a maior parte da cultura nas sociedades modernas é o de paralisação, padronização e alienação dos homens. Adorno pretende combater tal processo que ele descreve como “emburrecimento” da sociedade ou uma total alienação dos indivíduos diante de suas realidades, da política e de suas próprias vidas particulares, sejam de seus sentimentos e outras emoções.

Exercícios:

1-O que é a cultura?
2-O que é o conceito de “Indústria Cultural”?
3-Qual seu objetivo?
4-O que é a padronização da cultura? Qual o seu objetivo?
5-Existe liberdade para o cidadão escolher uma programação melhor na TV ou no rádio, segundo Adorno? Explique.
6-Qual a função da arte hoje? Qual deveria ser a função correta da arte? Explique.
7-O que é o “jabá”? O jabá é honesto com o povo? Explique.
8-O que Adorno pensa da maioria das pessoas hoje? Você concorda? Explique.
9-Na sua opinião, o conceito da “Indústria Cultural” é positiva ou negativa? Explique.
10-Qual deveria ser a função da cultura na nossa sociedade? Explique.


1 Texto do Professor Fernando Monteiro. Formado em Ciências Sociais, com bacharelado e licenciatura pela PUC-SP (2007). Além de especialização em Filosofia pela UGF (2012) e Mestrado também em Filosofia pela PUC-SP (2014).

Foucault e o panópticon:

Michel Foucault (1926-1984):1

Foucault foi um filósofo Francês muito estudado em todas as Ciências Humanas. Ele escreveu muito sobre as diversas formas de dominação e controle sobre o ser humano no século XX e que servem até os dias de hoje.

Panoptismo:

Jeremy Benthan (1748-1832), é um outro filósofo criador da estrutura arquitetônica chamada panóptico. Trata-se de uma maneira de controlar os sujeitos em nossa sociedade. O “panóptico” é o desenho de um prédio que tem por função vigiar as pessoas que frequentam este prédio. É praticamente uma prisão. É o que Foucault chamará de “o olho do imperador”, que a tudo e a todos vê. Ou seja, trata-se de uma forma de controlar as pessoas para que elas não desejem modificar as regras e o sistema, aceitando a prisão em que vivem e as injustiças em que vivemos.

É também o que Foucault entenderá como parte da “sociedade da disciplina”. Uma sociedade cada vez mais controladora do ser humano, tirando sua liberdade e sua privacidade. O “panóptico é um instrumento que é parte da “sociedade da disciplina”. Hoje o “panóptico” pode ser as câmaras de vídeo que a todos e a tudo vê. A função destas Instituições de repressão ao indivíduo, os “panópticons”, não são somente o de excluir o criminoso da sociedade e do convívio social, mas de fixá-los nestas prisões e inseri-los, tais como engrenagens dentro do sistema, para que eles aprendam a introduzir em si mesmos as ordens e regras de cada uma das sociedades. Em nome de uma suposta tranquilidade, as pessoas hoje são obrigadas a abrir mão de suas privacidades para terem “segurança”. Dessa forma, os diversos poderes se aproveitam para obter informação (e assim possuem também controle) sobre tudo o que as pessoas fazem no seu dia a dia.

No fundo, escolas, prisões, hospícios, hospitais, fábricas e outros, têm a função de fazer estes indivíduos se adequarem a dominação e reproduzirem as mesmas regras, ordens, leis, controle e domínio uns sobre os outros também.

É o que Foucault chama de uma “rede institucional de sequestro” das pessoas para que permaneçam presas dentro destas instituições e ali aprendam a obedecer às autoridades e o poder sempre.

Rede Institucional de Sequestro” – RIS:

Esta Rede tem 4 objetivos:

1- Oferecer o tempo de lazer do trabalhador ao capital, patrão ou a autoridade mais próxima.
2- Controlar seu corpo embrutecendo-o para que ele sirva de instrumento ao uso do capital.
3- Integrar na produção o tempo e a força do trabalhador em prol do enriquecimento do capital (e empobrecimento do indivíduo).
4- Usar o saber produzido nestas Instituições para dominar e controlar ainda mais os indivíduos.

A existência destas Instituições é que deu origem a um “saber-poder” que mantém as estruturas de um “poder-saber”. Ou seja, para Foucault, esta “rede de sequestro” cria uma série de conhecimentos (saberes) que possibilitam às autoridades (poder), controlar e dominar os indivíduos cada vez mais. O poder destes poderosos para Foucault, não se sustenta somente com a força física (exércitos, polícias, forças armadas, etc). Ele (os diversos tipos de poderes) precisa do consentimento ou da aprovação dos dominados (nós, o povo, os trabalhadores, a classe média) e da reprodução da própria dominação por parte destes, para existir. Ou seja, para Foucault, os próprios indivíduos em nossa sociedade se tornaram “panópticons”. Ao controlarmos o próximo pelo olhar, pela censura prévia de suas ações, ao imperdirmos as pessoas de serem livres, ao vigiarmos, controlarmos, defirnirmos o que é certo e errado, estamos assumindo o papel dos panópticons da pós modernidade, auxiliando os poderes diversos a controlar, manipular e ordenar as pessoas da forma como os poderes assim desejam. Foucault quer que pensemos a respeito das nossas ações que estão servindo como base para impedir a liberdade de todos.

Trabalho – valendo nota: 10 pontos:

1-O que é um “panóptico”? Qual o objetivo do “panóptico”?
2-Nosso colégio é um “panóptico”? Explique.
3-Como se diferencia o “panóptico” de Jeremy Benthan para o de Foucault?
4-Onde mais poderiam ser encontradas estruturas de “panóptico”? Explique.
5-O que é a RIS? Qual seu objetivo?
6-O que é a “sociedade da disciplina”?
7-O que é o “olho do imperador”?
8-Quem foi Foucault? O que ele fez de importante?
9-Existem outras formas de “panóptico”? Explique.
10-O que é o “saber-poder” e o “poder-saber”?


1 Texto do Professor Fernando Monteiro. Formado em Ciências Sociais, com bacharelado e licenciatura pela PUC-SP (2007). Além de especialização em Filosofia pela UGF (2012) e Mestrado também em Filosofia pela PUC-SP (2014).