Aristóteles
Ética
a Nicômaco. Editora Martin Claret. São Paulo, SP, 2009.
Livro
I
“O
bem é aquilo a que as coisas tendem”.1
É assim que começa praticamente a obra que será grande influência
de diversos autores, Filósofos e Cientistas até fins da Idade
Média. Aristóteles faz uma homenagem a seu Pai, Nicômaco, que era
Médico dando o nome ao Livro e batizando o filho com o mesmo nome do
Pai.
A
finalidade da Ciência Política para o autor é a felicidade. A
Ética está intimamente envolvida com a questão política. Ser
ético na política é buscar o bem e a felicidade de todos. A
finalidade da Política então é fazer com que os cidadãos sejam
bons e capazes de boas ações. O homem político estudou a virtude e
tenta fazer com que os homens sejam obedientes as Leis.
Infelizmente
o autor não acredita que a Política seja para os ignorantes e nem
esteja para o interesse dos jovens. Homens escravos, que para ele,
são a grande parte da população que não se interessa pela
política, também são alienados da realidade.
O
bem não é uma idéia comum que corresponda a uma idéia única. É
mais complexo e difícil de se definir ou determinar para que seja
aceito por todos. O bem é aquilo que as nossas ações visam
encontrar, podendo ser de alguma maneira realizado. O bem absoluto é
auto-suficiente, mas não deve estar resumido a apenas uma pessoa,
mas a toda a sociedade.
“Definimos
a auto-suficiência como aquilo que, em si mesmo, torna a vida
desejável por não ser carente de nada. E é desse modo que
entendemos a felicidade; além disso a consideramos a mais desejável
de todas as coisas (...) Assim, a felicidade é algo absoluto e auto
suficiente, e a finalidade da ação”.2
Portanto a função do homem é fazer o bem e tentar chegar próximo
da perfeição.
A
alma do homem é dividida em uma parte racional e outra irracional.
Já a parte irracional também é sub-dividida em duas partes: a que
está envolvida com o crescimento e a nutrição da pessoa e a outra
parte que em certo sentido participa da razão. Porém, nos homens
grandiosos, estes lados irracionais da alma estão sob melhor
controle da racionalidade.
Livro
II
Existe
para o autor da obra, duas espécies de virtude, a intelectual e a
moral. A intelectual adquirimos através da educação e do ensino e
a Moral através dos bons hábitos. Portanto, cabe aos Legisladores,
criarem bons hábitos políticos na população. Esta deve ser a
finalidade de toda administração. Aquela que não consegue
realizá-lo demonstra a diferença entre a boa e a má constituição
ou forma de governo.
Existem
três objetos da virtude e do vício. Como se sabe, Aristóteles
coloca um como o contrário do outro. São eles: O nobre o vantajoso
e o agradável. Os vícios: o vil, o prejudicial e o doloroso. Os
homens bons tendem a agir próximos da virtude e os maus, próximos
do vício.
Portanto
é a prática de atos justos que cria a justeza e a prática de ações
temperantes que cria o homem equilibrado.
Mas,
o que será a virtude então para nosso autor? Se na alma do homem
encontramos 3 espécies de coisas, como as paixões, faculdades e
disposições, podemos entender a virtude como sendo uma delas. Por
paixões, entendemos a cólera, o medo a inveja e outros sentimentos
acompanhados de prazer ou sofrimento. Por faculdades, as capacidades
de sentirmos aquilo que nos levará as paixões, ou seja, o ato de
nos levar ao ódio, a mágoa e outros; e as disposições são
aqueles atos que nos farão entender se uma paixão é boa ou má.
Para Aristóteles, as virtudes são disposições.
Se a
disposição é que é a virtude e são elas que nos permitem
descobrir ou entender se uma coisa é boa ou má, podemos entender
que bom e mal estão ambos em lados opostos e que deve haver uma
metade do caminho entre eles. Esta metade do caminho deve ser o que
minimamente devemos esperar como comportamentos éticos dos seres
humanos, ou seja, comportamentos voltados para ações nobres ou que
visem o bem. Portanto para Aristóteles, ficar ao meio termo seria o
mais sensato. Porém, em relação ao máximo do bem, o meio termo
seria o mais justo.
“Virtude
é, então, uma disposição de caráter relacionada com a escolha de
ações e paixões, e consistente numa mediana, isto é, a mediana
relativa a nós, que é determinada por um princípio racional
próprio do homem dotado de sabedoria prática. É um meio termo
entre dois vícios, um por excesso e outro por falta, pois nos vícios
ou há falta ou há excesso daquilo que é conveniente no que
concerne as ações e as paixões, ao passo que a virtude encontra e
escolhe o meio termo”.3
O
mal seria ilimitado e o bem limitado pois segundo o autor só é
possível acertar de uma maneira e os erros são vários. A virtude
seria então um meio caminho ou meio termo entre vícios.
“Todavia,
não censuramos as pessoas que se desviam um pouco da virtude, quer o
façam no sentido de mais, quer no de menos; só censuramos o homem
que se desvia consideravelmente, pois este nunca passa
despercebido”.4
O
mal ou a ação incorreta são penalizados quando o homem se afasta
do centro da meta ou do meio termo ou esquece as virtudes para
praticar o vício. Distanciar-se da virtude é onde reside o grande
problema.
Livro
III
Distinguir
entre as ações humanas o que é voluntário e involuntário e
auxiliar a justiça a decidir melhor as suas penas, tais estudos da
virtude fariam com que os Juízes e o Judiciário resolvessem melhor
a aplicação das penas e a construção da justiça.
Para
o autor, as crianças e os animais são capazes de ações
voluntárias, mas não de escolhas. Então ele define escolha como
uma busca pela racionalidade. Só se escolhe uma decisão ou um
caminho mediante razão, experiência e sabedoria, algo que as
crianças e os animais não possuem. Estes possuem impulso ou
instinto, mas não razão para realizar escolhas.
A
finalidade do desejo é o bem. Realizar o bem ou fazer coisas boas é
sempre a finalidade do que desejamos. Por mais aparente que este bem
seja.
“Por
conseguinte, depende de nós praticar atos nobres ou vis, e se é
isso que significa ser bom ou mau, então depende de nós sermos
virtuosos ou viciosos”. É difícil e errado fazer uma crítica a
um determinado autor fora de seu contexto histórico, social e
econômico, ou seja, uma crítica fora de seu tempo, anacrônica. Mas
é impossível não observar um posicionamento completamente
moralista do autor sobre fazer ou não o bem, não se levando em
consideração a questão social e a divisão da sociedade em
classes. Seria difícil demais pedir aos gregos que tivessem
verificado tais disparidades entre as pessoas? Entre cidadãos e
escravos? Ricos e pobres e tentado explicar algo de concreto a
respeito? Infelizmente Aristóteles não leva em consideração as
questões econômicas para que sejam determinantes nas ações
cotidianas do homem e as vê somente baseadas num exercício de
comportamento que beire simplesmente entre fazer o bem ou o mal. E
infelizmente tal erro estará presente na obra filosófica de
praticamente todos os Filósofos até o século XIX.
Em
outra passagem logo adiante, define outros tipos de virtude do homem,
tais como a coragem e a bravura. E define a covardia como vício.
Covardia como vício é diferente de precaução.
“A
experiência com relação a uma determinada situação de perigo é
também considerada uma espécie de coragem; e essa é a razão pela
qual Sócrates identificava a coragem com o conhecimento”.5
Também
define a temperança como virtude e a intemperança como vício pois
aquela (temperança) seria a virtude da parte irracional da alma. Ela
deve se relacionar com os prazeres do corpo e precisa ter o controle
sobre os mesmos. Quando não ocorre controle ou uso com parcimônia
dos prazeres, existe a intemperança que é o excesso. Percebe-se
neste momento e posteriormente será mais presente, um comportamento
muito repressor das atividades humanas, muito disciplinador e talvez
até autoritário do autor em manter os prazeres do corpo humano,
todos sob o mais absoluto controle. Lembra em diversos momentos o
extremo da racionalidade de Freud e de manter o animal que existe
dentro de cada homem completamente enjaulado.
Sobre
as crianças:
“Se
não forem preparadas para serem obedientes e submissas ao princípio
racional, irão a grandes extremos, pois em um ser irracional o
desejo do prazer é insaciável; além disso, o exercício do apetite
aumenta-lhe a força inata e quando os apetites são numerosos e
violentos, acabam destruindo a própria capacidade de raciocinar”.6
Na
opinião do autor, as crianças não conseguem controlar seus
apetites e por isso precisam dos adultos e da disciplina dos mesmos.
“Concluindo,
no homem temperante o elemento apetitivo deve harmonizar-se com o
princípio racional, pois o objetivo de ambos é o nobre, e o homem
temperante deseja as coisas que deve desejar da maneira e na ocasião
certas; e isso é o que determina o princípio racional”.7
Percebe-se
que os freios sobre o animal chamado criança, devem ser duros e com
a intervenção não somente de pais e adultos, mas, do Estado
também, como veremos pouco adiante.
Livro
IV
Inicia
tratando da Liberalidade neste capítulo. Os indivíduos pródigos
(aqueles que gastam demais) são os de pior caráter e que acumulam
mais de um vício. Por outro lado, o avarento, que provavelmente se
tornou assim pelo esforço que talvez tenha feito para conseguir o
que tem, também é uma espécie de vício assim como a
prodigalidade. Pois estes são no fundo, pessoas incontinentes,
também outro vício para o autor.
“As
coisas úteis podem ser bem ou mal usadas, e a riqueza figura entre
as coisas úteis. Usa melhor uma coisa o homem que tem a virtude
relacionada com essa coisa; conseqüentemente, a riqueza será melhor
usada pelo homem que possui a virtude relacionada com a riqueza, e
esse é o homem liberal”.8
Portanto,
aquele que utiliza do melhor modo a riqueza ou o bem que possui, é
um virtuoso e Liberal. A Liberalidade é um ato virtuoso pois está
entre o meio termo entre dar e receber riquezas. Pois o Liberal
gastará dinheiro em quantias certas e nas coisas certas.
Ai
talvez possamos entender uma certa ingenuidade no comportamento e nas
falas do autor que entende no homem Liberal, aquele que sabe dar e
receber nas medidas certas, mas se esquece que o homem Liberal ao
qual se refere pode muito bem ser o Senhor de Escravos, típico
comerciante rico de Atenas, cidadão considerado “de bem” por
fazer caridade ou praticar nobres ações. Nada mais equivocado pois
tais homens geralmente não dão ponto sem nó. Sempre que praticam
tais ações estão com um olho no gato e outro na janta.
Ao
homem magnânimo é dado outra qualidade de ser virtuoso. É aquele
que comete atos ou ações grandiosas, dignas de serem elogiosas e
aplaudidas por todos. É aquele ser que se considera grande e está a
altura de sua grandiosidade. Numa passagem, Aristóteles define que
“O homem indevidamente humilde revela-se deficiente seja em
comparação com os méritos próprios, seja em comparação com as
aspirações do homem magnânimo. O pretensioso excede em relação
aos méritos próprios, mas não excede as aspirações do
magnânimo”.9
Cabe
a pergunta ao nosso autor: é possível conseguir tal equilíbrio? É
possível realizá-lo? Ser um homem humilde e sincero nesta humildade
e ao mesmo tempo saber que se é magnânimo? Que se está numa classe
do saber e do conhecimento relativamente superior aos demais homens?
Esperamos que sim. Sem possuir um caráter bom, nobre e recheado de
ações de boa índole, é impossível ser magnânimo. Se identifica
este homem quando a riqueza e o poder não conseguem mudar suas boas
ações, suas atitudes e a beleza de seu caráter. De acordo com
nosso autor, é claro. É por isso (ainda de acordo com Aristóteles),
que tal virtude é o coroamento de todas as outras virtudes.
Este
elemento, dotado desta qualidade, a magnificência, não é rancoroso
e muito menos fútil. Não se vê o mesmo falando da vida de outras
pessoas e nem perdendo tempo ofendendo a outros.
A
calma também é outra virtude do homem pois é ela quem controla o
ódio ou a cólera. Ela pode auxiliar o ser a conseguir enxergar a
verdade e dessa forma construir mais facilmente a justiça. Preservar
e apoiar a verdade e combater as injustiças, são boas ações e
atitudes louváveis ou de pessoas de bem.
Aristóteles
também faz uma crítica aos homens que se vestem ou se utilizam
demais do luxo e do conforto. As pessoas que possuem um cuidado
excessivo com a sua aparência e por outro lado aquele que é
displicente, são de certo modo arrogantes. Sócrates já nos
prevenia que deveríamos dar mais valor as riquezas da alma, tais
como o conhecimento e a busca pela sabedoria do que os valores das
riquezas dos objetos materiais.
Para
finalizar o capítulo, nosso autor discute sobre outra das virtudes,
importantíssima aos jovens, que é a vergonha. Esta é muito
importante pois auxilia na educação dos jovens. O jovem que a
possui é digno de ser louvado. Porém, talvez não passe pela cabeça
do autor que a vergonha ou se utilizar dela, nada mais é, do que um
instrumento de dominação, tortura psíquica e demonstração de
força por parte das autoridades envolvidas no processo de
aprendizado e ensino. O uso deste mecanismo é tão repressor quanto
outros. Porém, para o autor, a vergonha é um meio de fazer o
indivíduo refletir sobre os erros que cometeu.
Livro
V
O
ato justo é o meio termo ou a virtude. “Com efeito, a justiça é
a virtude completa no mais próprio e pleno sentido do termo, porque
é o exercício atual da virtude completa”. A justiça é uma
virtude aplicável também ao coletivo. O homem que faz o ato justo,
faz o bem e é no poder que se vê se um homem é bom ou não. Ou
seja, assim como no Capítulo anterior, Aristóteles coloca a subida
ao poder como prova de fogo para testar a moral e a virtude de um
homem. Aquele que se manter virtuoso em defesa da Justiça, tem
muitas qualidades.
“Portanto,
nesse sentido a justiça não é uma parte da virtude, mas a virtude
inteira; nem seu contrário, a injustiça, é uma parte do vício,
mas o vício inteiro”.10
Para
o autor, a Lei e a Ciência Política devem primar pela educação.
Iniciamos este capítulo tratando de Justiça, mas não definimos o
que é Justiça para o autor.
“Sendo,
então, esta espécie de injustiça uma desigualdade, o juiz tenta
restabelecer a igualdade, pois também no caso em que uma pessoa é
ferida e a outra infligiu um ferimento, ou uma matou e a outra foi
morta, o sofrimento e a ação foram desigualmente distribuídos, e o
juiz tenta igualar as coisas por meio da pena, subtraindo uma parte
do ganho do ofensor”.11
Podemos
entender nesta passagem e outras que virão logo adiante, que o
conceito de Justiça de Aristóteles está fortemente baseado no
velho ditado popular, “olho por olho, dente por dente”. Ou seja,
o conceito de justiça é o da vingança para reparar o mal. E não o
conceito de correção do ato infrator e ilegal como medida
sócio-educativa tão presente no cotidiano do Estado Moderno de
Direito (ou pelo menos deveria). Minha visão é um anacronismo, mas,
eu esperava um pouco mais. Logo adiante ele adverte que a autoridade
não deve de forma alguma ser ferida ou agredida, mas se houver tal
crime, deve haver represália. Pouco depois, o autor descreve que os
homens procuram retribuir o mal com o mal e o bem com o bem e
finaliza dizendo que se não podem fazer tal troca de ações, a
sociedade não se mantém unida pois é esta troca que sustenta a
união das sociedades. Este tipo de argumento nos relembra o conceito
de “Anomia” de Durkheim. O Sociólogo Francês nos diz que o
crime é peça importante e fundamental para unir a sociedade em
torno de seus costumes, Leis, regras pois, quando acontece algum ato
criminoso que choca a sociedade, é a reação dos indivíduos que dá
vida a este ethos ou este modo de vida ou essa ética de determinada
sociedade.
Quando
fala da questão do Magistrado, que seria o Guardião das Leis ou da
Pólis, ou em outras palavras, o Filósofo Rei, Aristóteles parece
concordar com Platão na sua proposta presente em A República, de
que o Guardião deve receber como recompensa a honra e o privilégio,
finalizando que aqueles que não se contentam com isso, tornam-se
tiranos. O detalhe a ser acrescido é que Platão não desejava
privilégio algum aos Guardiões, mas aparentemente o que Aristóteles
deseja falar com a expressão privilégios aqui, não significa
necessariamente riquezas, mas sim acesso a uma vida de boa qualidade.
Para
finalizar o Capítulo V, o autor acredita que exista justiça nas
partes racional e irracional da alma do homem. Esta opinião irá
influenciar Tomás de Aquino no futuro quando escrever sobre a
crítica ao maniqueísmo, sobre seu conceito de ser e da alma, de
deus e sobre o prazer.
Livro
VI
A
virtude se acha pelos ditames da reta razão. A alma do homem se
divide também, como vimos pouco antes. A parte racional se divide em
outras duas partes racionais. Uma chamada calculativa e a outra
Científica. A função de ambas as partes da alma é chegar a
verdade num grau muito alto e próximo da certeza, como uma verdade
absoluta. A alma possui 5 princípios básicos: a Arte, Conhecimento
Científico, a Sabedoria Prática, a Sabedoria Filosófica e a Razão
Intuitiva.
Logo
adiante, o autor defende a tese de que o uso do método dedutivo ou
indutivo depende do objeto a ser analisado pela Filosofia: “Portanto,
há pontos de partida de onde procede o silogismo e que não são
alcançados por este; logo, é por indução que os atingimos”.12
Para ele, o conhecimento científico pode portanto, nascer tanto do
método dedutivo como do indutivo.
Indo
a outro dos 5 princípios básicos da alma, a arte, Aristóteles
acredita que a mesma seja a capacidade de produzir algo com uso de
muita razão. E que todo uso da razão é uma arte. Talvez seja uma
conceituação extremamente racionalizada do que seja a arte tal
entendimento do autor. No nosso entender e talvez no entender da
maioria das pessoas (não somente dos artistas), arte é muito mais
inspiração do que razão. Talvez esta seja a grande crítica que
Nietzsche faça ao velho Professor Grego de Estagira.
Já
a sabedoria prática é uma das virtudes de uma das duas sub-partes
racionais da área racional da alma humana. “A sabedoria prática
deve ser, então, uma capacidade verdadeira e raciocinada de agir no
que diz respeito às ações relacionadas com os bens humanos”.13
A Sabedoria Prática é o que o autor chama de Ação, que é o
conhecimento humano que vem do particular. Ela forma opiniões. Seu
objeto de estudo pode variar. Alguns animais a possuem e neste caso
parece haver certa confusão do autor entre sabedoria prática e
instinto animal. Para Aristóteles, as pessoas ignorantes possuem
mais capacidade de Sabedoria Prática do que Filosófica. A Sabedoria
Prática está para os grandes líderes, estadistas, Guardiões do
Estado, pois precisam tomar decisões imediatas a respeito de
determinados assuntos.
O
conhecimento científico, outro dos 5 princípios, é um juízo
acerca de coisas universais. Aqui reside um misticismo e um equívoco
que influenciará o Tomismo muitos séculos depois. Para o autor,
estas coisas universais não podem e não devem ser objetos de
conclusão ou demonstração pois são derivados dos primeiros
princípios. O Primeiro Princípio poderia ser Deus ou o conjunto de
Deuses e semi-deuses da Mitologia Grega. Também poderia ser o motor
primeiro, aquele quem dá início ao movimento de todo o Universo. Ao
negar que o conhecimento científico possa questionar, analisar e
discutir o primeiro princípio, estaria nosso autor compactuando com
as crenças das elites dominantes sobre as religiões e seus deuses.
Para o autor, a Razão Intuitiva é a única que pode analisar os
primeiros princípios ou princípios primeiros. Pois é intuição,
vem do particular para se chegar ao Universal. Ou seja, depende do
indivíduo para se chegar a tais conhecimentos. O Tomismo assumiu
esta argumentação e a defendeu com muita firmeza. Poderíamos dizer
de certo modo que uma mistura de Sabedoria Prática (em certo
sentido) e a Razão Intuitiva estão para Aristóteles assim como o
Conhecimento Sensível está para Platão. Ambos são individuais,
resultam do particular, não se baseiam na razão (não totalmente,
pelo menos em alguns casos quanto a decisões da Sabedoria Prática)
e são pessoais.
Já
a Sabedoria Filosófica é a combinação da Razão Intuitiva com o
Conhecimento Científico. “A Sabedoria, então, deve ser, entre
todas as formas de conhecimento, a mais perfeita. Daí se segue que o
homem sábio não apenas terá o conhecimento do que decorre dos
primeiros princípios, como também terá uma concepção verdadeira
a respeito desses próprios princípios”.14
A Sabedoria Filosófica é também outra virtude da sub-parte da
alma. Portanto, a Sabedoria Filosófica é conhecimento Universal.
Para o autor, é mais importante do que a Particular, baseado na
Sabedoria Prática. A Sabedoria Filosófica também produz
felicidade. Contudo, deve haver uma espécie controladora de ambas as
Sabedorias.
Existe
uma discordância quanto ao conceito de inteligência dada por Platão
e o de Aristóteles também. Platão acredita que a inteligência é
eterna e imutável e está presente no Mundo das Idéias. Para
Aristóteles a inteligência não se relaciona com as coisas
imutáveis e eternas, “mas com aquelas sobre as quais podemos ter
dúvida e deliberar”.15
Nosso autor se mostra extremamente coerente e não contraditório com
sua opinião sobre o motor primeiro ou princípio primeiro ou a
Teoria do Ato Puro, pois acredita que tais fundamentos do Universo
não podem e não devem ser estudados, pois não são objetos do
Conhecimento Científico. Aparentemente o papel da inteligência é o
de julgar e o de ter a perspicácia para tal. Ser inteligente é ter
discernimento para atuar com Sabedoria Prática.16
Portanto,
chegamos ao Universal a partir do particular.17
Ou seja, são as ações baseadas na Sabedoria Prática que ditam as
regras que vão conduzir o Particular a se encaixar na sociedade, no
Universal.
Finaliza
dizendo que a Sabedoria Filosófica é a parte superior de nossa
alma.
Livro
VII
Inicia
discutindo sobre as três espécies de disposições morais a serem
evitadas: o vício a incontinência e a bestialidade. Cada uma das
três possui suas posições antagônicas: a virtude, continência e
algo de angelical, muito bom ou “semente dos deuses” para se
contrapor a bestialidade.
Neste
capítulo podemos dizer que há um festival de preconceitos e de
moralismos exacerbados típicos de reacionários de plantão.
Aristóteles inicia o festival chamando os seres “efeminados” ou
“frouxos” de exemplos de pessoas incontinentes pois estes não
possuem controle sobre os prazeres do corpo.
“Entre
os alienados, aqueles que são assim por natureza e vivem apenas
pelos sentidos, são bestiais, como por exemplo certas raças de
bárbaros remotos, e os que são alienados em decorrência de alguma
doença (como a epilepsia, por exemplo) ou da loucura, são
mórbidos”.18
Não é necessário esclarecer que o autor quando fala dos bárbaros
está se referindo aos povos Orientais em especial aos Mouros.
Por
um lado se percebe muita moralidade nos escritos do autor, mas por
outra, também se vê uma análise do psicológico e do comportamento
dos seres humanos muito importante e cerca de 24 séculos antes de
Freud. Sem dúvida, assim como nosso autor lança as bases para o
nascimento da Biologia, Aristóteles também lança um olhar sobre a
Psicologia.
Faz
uma análise quanto ao apetite do homem que para ele não possui
freio enquanto a cólera ou a raiva extrema, teria controle. “Fica
claro, portanto, que a incontinência relacionada com o apetite é
mais censurável do que a que se relaciona com a cólera”. O autor
volta na questão da incontinência e frouxidão dos efeminados e
ainda, de quebra, diz que aqueles que gostam de se divertir, se opõe
ao trabalho e estão mais ao lado do vício do que da virtude, pois
estão viciados no desejo de sentir prazer. Ou seja, de certa forma é
crime ser hedonista.
Falando
em prazer, o autor entra na discussão com posições que nunca
chegam a um consenso sobre o tema. Ora o prazer é o maior dos males
ou prejudicial ao homem, ora faz bem, ora deve ser dosado na medida
certa, enfim, não conclui o que realmente pensa. O sofrimento por um
lado é uma forma de se brecar o prazer, pois quando sentimos dor ou
algo que nos prejudica, nosso corpo está nos avisando que alguma
coisa está errada. Portanto, nem sempre o prazer é benéfico, as
vezes o sofrimento pode nos trazer mais benefícios e o prazer
malefícios do que possamos imaginar, assim diz Aristóteles.
Em
resumo, existem diferentes tipos de prazer para o autor. Alguns podem
levar a felicidade, outros não. Mas aparentemente o que se tira de
conclusão é que mesmo se o prazer se expressa na felicidade extrema
do ser, este deve ser evitado pois desse modo estamos distantes do
meio termo, do equilíbrio e da temperança. Portanto devemos nos
reprimir e sermos calmos, pacientes, temperados, enfim, virtuosos.
Livro
VIII
Entramos
no Capítulo oito e iniciamos a discussão acerca da amizade e do que
vem a ser a mesma.
“A
amizade também parece manter as cidades unidas, e dir-se-ia que os
legisladores preocupam-se mais com a amizade do que com a justiça,
pois buscam assegurar acima de tudo a unanimidade, que parece
assemelhar-se a amizade, ao mesmo tempo que repelem ao facciosismo,
que é o maior inimigo das cidades. Quando os homens são amigos não
necessitam de justiça, ao passo que mesmo os justos necessitam
também da amizade; e considera-se que a mais autêntica forma de
justiça é uma espécie de amizade”.19
A
Justiça e os Políticos precisam da amizade entre as pessoas, pois
assim se evitam as facções.
O
autor inicia uma discussão nos trazendo a idéia de que somente o
que é útil ou agradável deve ser amado.20
Acredito pessoalmente que existe um grande equívoco, principalmente
nos dias de hoje a respeito do que o autor nos diz. Vou citar alguns
exemplos, do que hoje em dia é considerado útil, portanto para o
autor deve ser amado e do que não é. Ao primeiro exemplo direi que
o automóvel é um bem útil para diversos usos em nossa sociedade,
portanto pela lógica Aristotélica, deve ser amado. Porém, como
podemos amar ou idolatrar uma máquina que é responsável pela
destruição do planeta e por ter um fetiche que deslumbra a
sociedade que deseja tê-lo a todo custo, não levando em conta que
sua fabricação envolve uma grande quantidade de matéria prima e de
produção de lixo de várias espécies. A pergunta que fazemos é:
devemos amar os automóveis? Sobre a segunda questão que nos envolve
o autor, o que não deve ser útil, não deve ou não precisa ser
amado. Pois bem, se fossemos levar em conta o que não é útil em
nossa sociedade, para imensa maioria dos jovens de nossa sociedade,
estudar é algo completamente inútil, portanto não deve ser amado.
A questão que levanto é: o que aconteceria com a Filosofia caso
estes dois exemplos de utilidade e amizade do velho autor Grego
fossem postos em prática?
Continuando
a questão política da amizade, o autor cita um provérbio, “os
amigos têm bens em comum”, e somado ao discurso de que a
verdadeira sociedade de amigos deve ser aquela em que os homens estão
unidos como numa associação. Tal passagem nos faz crer que é
somente a verdadeira sociedade comunista que conseguirá realizar e
concretizar a verdadeira sociedade de amigos. Enquanto houver
diferenças de classes ou a existência das Classes Sociais, não se
materializará a sociedade comunista.
“E
as imposições da Justiça também parecem aumentar com a
intensidade da amizade, o que significa que a amizade e a justiça
existem entre as mesmas pessoas e têm uma extensão igual”.21
É interessante tal passagem pois nos faz entender que quanto mais
amigável é uma sociedade, ou seja, quanto mais unida ela é, menos
necessidade de Leis para organizá-la e que o contrário também
vale, pois quanto menos unida e mais conflituosa é uma determinada
sociedade, mais as Leis precisam estar presentes e serem severas para
por em ordem aquilo que a amizade deveria fazê-lo. Isto também é
reflexo do que se originou chamar nos século XIX de Luta de Classes
e somente o acirramento deste conflito criará a sociedade dos amigos
ou mais amigável. Assim pensaram e pensão diversos autores a
respeito do tema.
Em
passagem posterior, Aristóteles faz críticas a Democracia chamando
a de desvio da Timocracia, pois o Governo do povo é a degeneração
da Timocracia e a menos mal das três espécies de perversão das
formas de governo. A Monarquia degenera em Tirania e a Aristocracia
em Oligarquia. Típica opinião de um homem, intelectual de seu
tempo.
Noutra
passagem, diz que os filhos não podem ser escravos dos pais como
fazem os Persas, mas os Senhores de Escravos Cristãos podem ser
donos de escravos e traficantes de escravos sem problema algum.22
Nesta passagem Aristóteles mostra-se completamente contraditório
quando fala da Monarquia. Os Cristãos Ocidentais podem ter seus
escravos e até aí tudo bem. Porém, os Persas, bárbaros
degenerados, que escravizam os próprios filhos, não o podem fazer
pois isso é tirania. Como diz o ditado popular, pimenta no olho dos
outros é refresco.
E
logo adiante, talvez para explicar o que disse acima, nosso autor dá
a entender que existem escravos que não merecem o título de homens,
mas sim de ferramentas para o trabalho braçal. “O escravo é uma
ferramenta viva e a ferramenta é um escravo inanimado”.23
Livro
IX
Inicia
fazendo uma discussão acerca do amor e da forma correta de se amar
as pessoas. “Esses incidentes ocorrem quando o amante ama o amado
visando o prazer, e o amado ama o amante visando à utilidade, e
nenhum dos dois possui as qualidades que deles se espera. Se o prazer
e a utilidade são os objetivos da amizade, esta se desfaz quando os
dois não obtêm as coisas que constituíam os motivos de seu amor;
nenhum deles amava o outro por si mesmo, mas apenas as suas
qualidades, e estas não eram duradouras, e é por isso que essas
amizades são também transitórias. Mas a amizade que se baseia no
caráter das pessoas, como já dissemos, é duradoura, porque neste
caso as pessoas se amam pelo que são”.24
Portanto, o amor monogâmico deve ter a amizade como base, e esta
deve estar amparada no amor e principalmente no caráter das pessoas.
Aristóteles
também volta a criticar os Sofistas, aliás, algo corriqueiro em
suas obras e em diversos capítulos deste livro.
Existe
uma passagem em sua obra que deixa claro qual o tamanho da influência
desta obra no método de Descartes de fazer Ciência: “A existência
é um bem para o homem virtuoso, e cada um deseja para si o que é
bom, enquanto ninguém desejaria possuir o mundo inteiro se para
tanto lhe fosse preciso tornar-se uma outra pessoa (em relação a
isso, só Deus já tem a posse do Bem). Um homem dessa espécie só
deseja ter o que é bom com a condição de continuar sendo o que é;
e o elemento que pensa parece ser o próprio indivíduo, ou sê-lo
mais do que qualquer outro dos elementos que o formam”.25
Penso, logo, meu ser está ligado ou fadado a existir. O ato de
pensar me faz vivo e presente aqui e agora e é isso que nos traz a
faculdade de nos diferenciarmos do restante dos animais. Pensar é
viver e existir, penso, logo, existo.
Mudando
de assunto e voltando a questão do capítulo anterior, na discussão
da amizade, a homogeneidade entre as pessoas, facilita a
governabilidade para o Estado. Quanto mais parecidas forem todas,
mais fácil será para o Estado tomar as decisões certas para
governar um povo. “A conformidade de opinião parece, então, ser a
amizade política, e de fato ela geralmente é assim considerada,
pois se relaciona com coisas de nosso interesse e que tem influência
em nossa vida”.26
Para os positivistas, em especial Auguste Comte e Durkheim, a
conformidade de opiniões é importante para manter a ordem e o
necessário progresso e desenvolvimento da Indústria e do
Capitalismo. Parece que nosso autor grego já influenciava bastante
os Sociólogos do Século XIX e XX.
Portanto,
ao sermos bons homens, praticando sempre mais e melhor o bem, estamos
dentro da teoria do Ato-Potência criada pelo autor. Ser um homem bom
é Potência. Tornar-se melhor ainda praticando sempre o bem, é Ato.
Entende-se
de certa forma porque um homem que trabalha muito e é muito apegado
a seus bens, torna-se avarento, pois de acordo com o autor, damos
muito valor as coisas que conquistamos com muito suor e esforço.
Entende-se assim o comportamento de certas pessoas em nossa sociedade
para com as coisas que possui.
Voltando
a discussão das relações amorosas e também da amizade,
Aristóteles acredita que a relação de um casal ou de amigos, deve
sempre ser debatida e discutida exaustivamente para que a mesma (a
relação) não se torne conformada entre ambos e acabe parecendo
muito mais um comportamento de gado pastando no campo. “Ela
necessita, portanto, ter consciência igualmente da existência de
seu amigo, e isso se verificará se viverem juntos e compartilharem
suas discussões e pensamentos; parece ser este o significado de
convivência no caso dos homens, e não, como no caso do gado, pastar
juntos no mesmo lugar”.27
Portanto, para o ser humano ser feliz, é preciso ter amigos
virtuosos. Disso, até Epicuro concordaria.
Livro
X
Este
capítulo retorna a discussão do prazer. Aos jovens, só se educa
pelos extremos: ou o prazer ou o sofrimento. Como se os jovens fossem
massa de rebanho para serem educados desta maneira. Assim inicia o
autor seus comentários a respeito da educação dos jovens.
O
prazer seria o bem e o sofrimento seria o mal. Assim pensam a maioria
dos homens, não enxergando que em ambos pode haver coisas boas e
coisas ruins. Enxergar o meio termo entre ambos é difícil. “Parece
claro, então, que nem o prazer é o bem, nem todo prazer é
desejável, e que alguns prazeres são efetivamente desejáveis por
si mesmos, distinguindo-se eles dos outros em espécie ou quanto a
suas fontes”.28
De
fato, o que podemos entender nisso tudo é que a finalidade da
natureza humana é buscar a felicidade. Porém, a forma como devemos
encontrar a felicidade é que faz com que haja discordâncias quanto
a afirmação acima.
“A
felicidade, portanto, não está na recreação; e seria mesmo
estranho que a recreação fosse a finalidade última da vida, e um
homem devesse esforçar-se e suportar dificuldades durante toda a
vida simplesmente para divertir-se”.29
E logo no parágrafo seguinte: “Pensa-se que a vida feliz é
conforme a virtude. Então, uma vida virtuosa exige esforço e não
consiste em divertimento”. Tais argumentações do autor lançaram
base para o Cristianismo e suas crenças, que argumentam que a vida
terrestre deve ser recheada de dificuldades, durezas, asperezas do
cotidiano e que uma vida futura, nos céus, junto a deus, os anjos e
os santos, seria a vida eterna para fazer justiça às injustiças
sofridas por essa pobre alma que tanto sofre na Terra. Essa
argumentação caiu como uma luva para os interesses da Igreja,
principalmente durante a Idade Média, quando a difícil condição
de vida do povo, acreditando em tais argumentos Aristotélicos, não
entrava em choque com as Instituições do Poder da época e
mantinha-se cordeiro, paciente, tolerante, continente, do jeito que
nosso Filósofo grego de Estagira queria: um povo virtuoso.
Um
pouco adiante, diz que a vida divina é aquela levada em conformidade
com a reta razão. O homem é a razão e pautar a vida por ela é ser
mais feliz. Acredita o autor que o homem feliz não precisa ser
necessariamente rico. Os homens felizes são aqueles sem apego aos
bens materiais, são pessoas temperadas, calmas e que praticam ações
nobres. O Filósofo é a pessoa mais feliz e a mais querida entre os
Deuses porque o Filósofo pratica a sabedoria e exerce o saber no
cotidiano.
Um
pouco adiante, trata a obra da finalidade das Leis e, este objetivo
dever ser o de buscar as virtudes ou tentar provocar nos homens a
busca pelas boas ações sempre educando o povo. O Estado deve criar
Leis que disciplinem a moral e o comportamento de crianças e jovens,
ou seja, o Estado deve intervir nestes detalhes da educação do ser.
O Estado também deve legislar a respeito da educação do povo de
modo a torná-lo melhor.
Também
numa determinada passagem, deixa claro o autor que a Educação e a
Medicina Privadas são de melhor qualidade do que a pública. Pois a
Pública tende a ser generalista, para toda a população, enquanto a
privada tende a ser para os específicos ou os particulares. Ou seja,
deve haver uma Educação para preparar os melhores e para atender
suas saúdes também. É a sociedade da Meritocracia que visa formar
Filósofos Reis ou Guardiões das Leis e do Estado. Por isso da
necessidade de diferenciação entre os serviços. No fundo, ele é
coerente com a Aristocracia que defende.
Finaliza
confirmando que é do Universal que se realizam as Ciências e se um
homem pretende ser Cientista, deve estudar o Universal para chegar ao
Particular.
Governar
é a arte da Política. É o que podemos entender neste término de
obra. Haverá diferença entre as artes e a Política? Para ele, os
políticos deveriam ensinar política, mas a boa política. “Ora,
as Leis são, por assim dizer, as “obras de arte” da política;
como, então, é possível aprender com pessoas inexperientes a ser
legislador ou julgar quais sejam as melhores?”.30
As Leis são, portanto as obras de arte da política.
O
autor nos finaliza dizendo que depois de estudarmos todas estas
questões, estaremos prontos para analisarmos qual a melhor
constituição para um determinado povo, como deve se estruturar cada
uma delas e quais as Leis e costumes devem ser criados para
fortalecê-los para que estas Leis sejam as melhores possíveis.
Entende-se aí a razão e a necessidade do porque se estudar
política. Para construirmos uma sociedade melhor a todos.
Considerações
Finais:
Sem
sombra de dúvida, Aristóteles é um Filósofo completamente
moralista e um Aristocrata de seu tempo. Assim como Platão em “A
República”, Aristóteles consegue definir em mínimos detalhes o
que deve ser feito ou não para criar essa sociedade onde os melhores
vençam e sejam os que governam. Uma sociedade que preserva os ideais
da meritocracia.
Na
visão libertária sobre a educação de uma criança ou jovem, não
pode haver disciplina de cima para baixo ou do Estado para com as
pessoas e as crianças e os jovens. Elas devem e podem se disciplinar
sozinhas. A questão é o tempo que levarão para fazer isso. Algumas
demorarão toda a vida para fazê-lo, mas o farão sem traumas e
serão pessoas felizes e realizadas por isso. Outras, podem fazê-lo
já aos 17 anos, quando terminam a Escola e entram no Exército aos
18. A grande pergunta que os nossos Educadores, o Estado, Professores
e a Sociedade nunca fazem é: qual é o objetivo da nossa educação?
Se a resposta a esta pergunta é simplesmente servir ao Estado, as
Leis e ao desenvolvimento do Capitalismo e das sociedades humanas,
excluiremos por definitivo o ser humano e sua realização pessoal de
vida deste processo. O homem neste modelo educacional nada mais é do
que peça substituível de mão de obra barata e descartável para o
Capital. Agora, se o objetivo de todo o processo educacional é
libertar o homem, então não há necessidade de imposição de
disciplinas, regras, ordens, moral e outros meios de castração do
ser. A Escola será livre ou não será Escola! Será mais um dos
tantos presídios do Estado ou do Capital espalhados por todos os
cantos do mundo. Tais como as fábricas, as empresas, as
universidades, os colégios, as igrejas, as próprias Escolas. Estas
serão todas instituições do aprisionamento do saber e do ser e não
locais de libertação do homem. É assim que vê o mundo nosso caro
Filósofo amigo, Aristóteles.
1
Pg. 17.
2
Pg. 26.
3
Pg. 49.
4
Pg. 55.
5
Pg. 72.
6
Pg. 80.
7
Pg. 80.
8
Pg. 81.
9
Pg. 90.
10
Pg. 106.
11
Pg. 110.
12
Pg. 131.
13
Pg. 133.
14
Pg. 134.
15
Pg. 139.
16
Pg. 140.
17
Pg. 140.
18
Pg. 155.
19
Pg. 173.
20
Pg. 174.
21
Pg. 185.
22
Pg. 187.
23
Pg. 189.
24
Pg. 195.
25
Pg. 201.
26
Pg. 204.
27
Pg. 212.
28
Pg. 221.
29
Pg. 228.
30
Pg. 238.