segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Aristóteles: pequeno resumo de seus métodos.

Abaixo um material desenvolvido por mim sobre os métodos Aristotélicos para a verdade. Usado em sala de aula.


Aristóteles – 384 A.C. a 322 A.C

Nascido na cidade de Estagira, com cerca de 18 anos, chega a Academia de Platão em Atenas onde inicia seus estudos formalmente. A visão objetivista ou finalista neste autor é a grande influência para Darwin no desenvolvimento do Evolucionismo e na Teoria das Espécies. Aristóteles foi influenciado por Anáxagoras de Clazômenas, que acreditava que o Universo era formado pelo arquétipo “Nous” que do grego seria o espírito ou mente ou a inteligência. Anáxagoras acreditava que Nous germinaria cada uma das sementes e que estas resultariam nas matérias presentes no nosso Universo e que estas dariam origem ao “Mundo das Sombras” (apesar de Aristóteles não trabalhar com essa dicotomia entre os dois “Mundos”). Portanto para este Filósofo Pré-Socrático, cada uma das sementes que criaria a matéria tinha sua função no desenvolvimento do mundo e do Universo. Aristóteles segue a mesma técnica e raciocínio, sempre designando a seus objetos de estudo objetivos próprios em seus meios. Este modo de se enxergar a realidade, baseado em finalidades próprias (ou objetivos próprios) de cada ser ou objeto, é baseado na idéia de que é a finalidade dos seres que determinam o que eles são ou viriam a ser.

Tanto Anáxagoras quanto Empédocles de Agrigento são considerados Filósofos Evolucionistas, ao contrário de Aristóteles, que não aceita Leis Gerais da História ou da Biologia e sim acredita na Particularidade que todo ser e objeto a ser estudado traz de informações importantes de si mesmo. É importante não confundir particularidade com opinião pessoal e relativismo da opinião pessoal. Ao se buscar a verdade no particular, ao invés de buscar no todo, Aristóteles acreditava que podia colher informações das espécies ou objetos estudados, retirando da parte (ao invés do todo) as conclusões que precisa.

A existência de Causa para a vida do objeto ou do ser está ligada a sua finalidade. Ou seja, a causa está ligada ao fim (função ou objetivo) do objeto ou do ser em questão. A Causa para Aristóteles é tudo aquilo que contribui para a realidade de um ser. São 4 os tipos de causa para nosso autor: material, formal, final e eficiente. A Causa Material tratava da substância que compunha um determinado material. A Causa Formal é a que define um objeto ou ser. A Causa Final é aquilo que resulta o ser ou o objeto e a Eficiente, é o agente que cria os objetos, o homem e o resultado de seu trabalho.

Aristóteles fez a catalogação de muitas espécies da flora e da fauna. O modo da divisão dos animais até hoje é plenamente utilizado pela Biologia. Esta índole classificatória está presente em toda sua obra. Aristóteles também foi responsável pela organização, crítica e análise de quase dois Séculos de Filosofia Grega que o antecederam, dos Pré-Socráticos, aos Sofistas, Sócrates, Platão e da Filosofia Oriental. Sua obra é responsável pela criação da primeira Enciclopédia na história do mundo Ocidental.

O método de Aristóteles é definido pela divisibilidade, ou seja, para se chegar a verdade, ele pretendia que o objeto a ser estudado pudesse ser dividido em quantas partes fosse necessário para obter deste o conhecimento que se pudesse extrair do mesmo. Podemos dizer que o método de Sócrates foi a Maiêutica, de Platão, a Dialética ou a arte do diálogo e do convencimento presente em muitas de suas obras (influencia direta de Sócrates). Em Aristóteles, sua principal ferramenta era a Lógica ou Analítica como era chamado por ele.

Apesar da grandiosidade de sua sabedoria, Aristóteles, assim como Platão e Sócrates (estes dois últimos, ao defenderem a Instituição da escravidão), não conseguiram como homens de suas épocas saltar diante dos preconceitos e do injusto sistema social que os cercava. Aristóteles não concordava com a fusão da Civilização Oriental e Grega, tal como queria o Rei Alexandre, o Grande, príncipe da Macedônia. Chamava os diversos povos Orientais de Bárbaros, algo não muito diferente do que a grande mídia e o Cristianismo fizeram e fazem até os dias de hoje.

Porém toda a obra de Aristóteles está fortemente amparada no estudo das culturas dos povos e de suas respectivas histórias. Tal comportamento, irá influenciar profundamente a obra do Sociólogo Max Weber, um dos três grandes clássicos da Sociologia, cerca de 23 séculos depois.

Para Aristóteles, o método Platônico da Dialética é propenso a cair em relativismos, o que era inaceitável para este. A proposta de que a busca pelo conhecimento deveria acessar o “Mundo das Idéias” para retornar ao homem no “Mundo das Sombras”, realizando um movimento de repetição contínua ou de auto-alimentação, portanto Dialético, abria margem para flexibilidades que na Ciência ou como método sem falhas para a investigação Filosófica, estaria fadado a problemas. Aristóteles rejeita a idéia de transcendência da alma proposta por Platão e de uma duplicação da realidade do “mundo sensível” no “mundo das idéias” considerando a desnecessária. Para ele, a única realidade válida é a do mundo concreto feito por seres únicos. Portanto, a dialética de Platão seria reduzida a condição de exercício Filosófico mental, de acordo com Aristóteles, ferramenta ou método não adequado para se chegar a verdade. Baseando-se neste raciocínio sobre a Dialética de Platão, é que Aristóteles desenvolve a Lógica ou Analítica, proposta do mesmo de método para se chegar a conclusão ou verdade.

Numa coisa, quanto a questão do método, os três clássicos da Filosofia Grega concordavam: Ciência só pode existir do Universal e não do individual. Ou seja, a verdade universal e científica é voltada para todos, é coletiva, não pode variar de acordo com a opinião de um e de outro.