quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Georg Simmel e alguns conceitos.

 

Georg Simmel (1858-1918):


Pai da microsociologia, ou seja, ele focava o estudo de sua técnica sociológica nas ações cotidianas ou no comportamento das pessoas para tentar entender a coletividade. Ou seja, Simmel inicia sua análise a partir da parte e não do todo, como fizeram Marx e Durkheim. Ele analisa o indivíduo para entender a sociedade, enquanto os outros sociólogos estudaram a sociedade para entender o indivíduo. Simmel é uma grande influência para o Sociólogo Max Weber quando este constrói o conceito de ação social.


O que acontece com os indivíduos nas grandes cidades?


Segundo Simmel, os indivíduos passam a ser mais frios, distantes, falsos, não amigáveis uns com os outros. A capacidade de se importar com o próximo, ou seja, a empatia, se perde. Um jeito triste toma conta das pessoas. A vida se torna comercializável. Tudo se transforma em mercadoria, inclusive os sentimentos das pessoas. O tempo é veloz, a vida é mais agitada. O cansaço está em todos. As pessoas não se suportam. Não ligam umas paras as outras.


O que acontece com os indivíduos nas pequenas cidades e no campo?


Nas pequenas cidades e no campo, os indivíduos são mais próximos uns dos outros, se importam mais uns com os outros, podem se ajudar mais pois, tem mais contato uns com os outros. Enquanto que nas grandes cidades isso é impossível, pelas milhões de pessoas que existem lá e pelo modo de vida que levam. O tempo no campo é outro. A calmaria e o contato com a natureza podem manter o indivíduo um pouco mais humano.


O que é a atitude blasé?


É a atitude de se lamentar pela vida vazia, difícil, solitária, agitada, cansativa, que os indivíduos levam nas grandes cidades. As pessoas passam a ter mais reserva umas com as outras, desconfiam mais. As pessoas passam a ser mais frias, distantes, falsas, competitivas umas com as outras. A capacidade de se importar com o próximo, ou seja, a empatia, se perde. Um jeito triste toma conta das pessoas, um cansaço sem fim. Ela ocorre nas pessoas que vivem na grande cidade.


Qual a saída para as pessoas diante do conflito entre a unifomização e a diferença?


A saída é a extravagância, é o exagero, é tentar demonstrar sua subjetividade, seu eu, é se mostrar, se arriscar nas artes e expressar sua individualidade, sua subjetividade, tentando marcar sua diferença diante de um mundo que esmaga a subjetividade alheia. Porém, mesmo assim, para Simmel, isso não é certeza de uma saída válida, pois as pessoas podem se expressar acreditando que estão se libertando, se diferenciando umas das outras, mas o que pode ocorrer é justamente o contrário: uma massificação das individualidades.


O que é o conceito de intensificação da vida nervosa?


É um conceito que explica que na grande cidade, somos frequentemente expostos a estímulos que acabam exigindo de nós uma sensibilidade específica para lidar com tantos anúncios e novidades. Os avanços tecnológicos e a racionalização da vida contribuem para que o cotidiano se torne ao mesmo tempo mais simples e mais complicado. Ao mesmo tempo que temos o automóvel para nos ajudar a deslocar mais rapidamente, estamos travados no trânsito. Ao mesmo tempo que temos a internet para agilizar a vida e nos tornar mais seguros, a informática vive tendo problemas e os crimes pela internet não acabam. Ao mesmo tempo que o capitalismo produz tanta riqueza, temos mais de um bilhão de pessoas passando fome no mundo. A intensificação da vida nervosa é esse conjunto de contradições da vida moderna que exaure qualquer ser humano.


Exercícios - Georg Simmel:


1-O que é o conceito de intensificação da vida nervosa?

2-O que é a atitude de reserva ou atitude blasé?

3-O que acontece com as pessoas nas grandes e pequenas cidades?

4-Qual a saída para a uniformização das pessoas?

Conceitos básicos do movimento feminista.

 

Sociologia de Gênero - Conceitos Sociológicos do Feminismo:

Feminismo: É um movimento mundial iniciado pelas mulheres em fins do século XIX e começo do século XX, para lutar por seus direitos e melhorias de vida. É uma luta contra a violência que sofre as mulheres, seja o machismo, o feminicídio, a cultura do estupro, a misoginia e outras formas de violência.

Misoginia: É o ódio ou aversão a mulheres e meninas. Embora sua manifestação mais evidente seja a violência machista (seja física, psicológica ou simbólica), também a humilhação, a discriminação, a marginalização e a objetificação sexual da mulher são formas de misoginia.

Misandria: É a aversão, ódio, desprezo, violência, que se pode sentir pelos homens e contra os homens. Ao contrário do que dizem muitos grupos machistas de extrema-direita, as feministas querem igualdade de direitos com os homens e não torná-los inferiores.

Machismo: O machismo pressupõe que as mulheres são por natureza seres inferiores aos homens. Também poderíamos dizer que é um conjunto de crenças, práticas sociais, condutas e atitudes que promovem a negação da mulher como sujeito em diversos âmbitos. Os âmbitos nos quais o gênero feminino é marginalizado podem variar (econômico, familiar, sexual, legislativo...), e, em algumas culturas, dão-se todas as formas de marginalização ao mesmo tempo.

Feminazi: Popularizada pelo conservador Rush Limbaugh em 1992 para criticar o feminismo militante, essa palavra é usada em sentido pejorativo para se referir a feministas tachadas como radicais, sob o argumento de que o feminismo não procura a igualdade entre homens e mulheres.

Androcentrismo: É a visão de mundo que situa o homem como centro de todas as coisas. O macho ocupa uma posição central na sociedade, na cultura e na história. O conceito está muito relacionado com o patriarcado, mas também com a discriminação contra a mulher. Por exemplo, quando em português utilizamos palavras no masculino para nos referirmos conjuntamente a homens e mulheres, estamos sujeitos a uma visão androcêntrica que nos faz interpretar o masculino como universal.

Patriarcado: É o sistema sociopolítico em que o gênero masculino e a heterossexualidade têm supremacia sobre outros gêneros e sobre outras orientações sexuais.

Manspreading: Diz-se de quando um passageiro (homem) abre tanto as pernas ao estar sentado no transporte público que ocupa o espaço do passageiro sentado ao seu lado. É também conhecido como o cara “folgado”. Deve se chamar a atenção do indivíduo que age desta forma.

Mansplaining: Quando um homem explica algo a uma mulher, e o faz de maneira condescendente porque dá como certo que sabe mais do que ela, podemos falar de mansplaining. Rebecca Solnit cunhou esse termo em 2008 no seu ensaio “Os Homens Explicam Tudo para Mim” (Editora Cultrix), para dar nome a uma situação que ela havia vivido numa festa: um homem tentando lhe esclarecer do que se tratava um livro que ela mesma tinha escrito. É o famoso “macho palestrinha”, pois quer dar palestra, quer mostrar que sabe mais que as mulheres. É outro tipo de machismo.

Masculinismo: Movimento que procura a igualdade entre o homem e a mulher da perspectiva masculina. Os masculinistas se queixam de que o feminismo busca a igualdade do ponto de vista da mulher e pretendem obtê-la defendendo os direitos e necessidades dos homens, assim como os valores e atitudes consideradas como tipicamente masculinos. A estratégia atual do machismo é o post-machismo.

Feminicídio: Assassinato de uma mulher em função de seu sexo. Trata-se de um crime de ódio contra mulheres e meninas pelo simples fato de elas serem mulheres ou meninas.

Empoderamento: O verbo empoderar se tornou uma palavra-chave para contribuir para o avanço social em busca da igualdade entre homens e mulheres. Costuma ser usado em referência à tomada de consciência do poder que as mulheres ostentam individual e coletivamente e que tem a ver com o resgate de sua própria dignidade como pessoa.

Cultura do estupro: Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é estuprada a cada 11 minutos. E esse dado se repete no mundo todo. Esse conceito se refere a uma sociedade que permite e tolera as agressões sexuais, se culpa a vítima e se banaliza o estupro.

Sororidade: É o apoio mútuo entre as mulheres. É a irmandade entre as mulheres, para que se ajudem, cooperem umas com as outras e evitem a competição entre si. Somar e criar vínculos. Assumir que cada uma é um elo no encontro com muitas outras.


Fonte:

Texto: O vocabulário feminista que todos já deveriam estar dominando em 2017 | Cultura |

EL PAÍS Brasil. De 07/11/2017.

https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/10/cultura/1499708850_128936.html?rel=mas