sábado, 4 de junho de 2022

Pequenas considerações sobre Ideologia Alemã de Marx.

Trabalho de faculdade para a disciplina de Sociologia III realizado no primeiro semestre de 2004. Resenha da obra "Ideologia alemã" de Karl Marx. Como nos outros fichamentos deste blog, vale a pena comprar a obra, ler, estudar e dialogar a respeito.


Ideologia Alemã. Karl Marx. Editora Vozes.

A primeira parte das três divisões de A Ideologia Alemã, Marx nos traz a crítica à concepção materialista intuitiva dos neo-hegelianos. Assim como nas demais duas partes, estas também fazem a crítica ao neo-hegelianismo, na produção da consciência, nas relações produtivas, na noção de propriedade e no projeto comunista de emancipação do proletariado.


O primeiro pressuposto de toda a história humana é naturalmente a existência de indivíduos humanos vivos. O primeiro ato histórico destes indivíduos, pelo qual se distinguem dos animais, não é o fato de pensar, mas de produzir seus meios de vida.”


Pode-se distinguir os homens dos animais pela consciência, pela religião ou por tudo que se queira. Mas eles próprios começam a se diferenciar dos animais tão logo começam a produzir seus meios de vida, passo este que é condicionado por sua organização corporal. Produzindo seus meios de vida, os homens produzem, indiretamente, sua própria vida material.”


Para Marx, a divisão do trabalho em suas diferentes fases de desenvolvimento cria formas de propriedade. A primeira para o autor é a propriedade tribal que tem a escravidão latente na família e que se desenvolve com o crescimento da população. A segunda é a propriedade comunal e estatal da antiguidade que tem como base a escravidão, onde as relações entre classes estão completamente desenvolvidas. A terceira forma é a propriedade feudal ou estamental, na qual a classe produtora são os camponeses servos.


Marx acredita que a única forma de se romper o processo de alienação da consciência da classe trabalhadora é a situação extrema que faz perceber aos explorados suas contradições (a nítida destituição dos proletários sem a propriedade enquanto a elite transborda, esbanja riqueza) com a classe dominante.


Os elementos materiais de uma subversão total são, de um lado, as forças produtivas existentes e, de outro, a formação de uma massa revolucionária que se revolte, não só contra as condições particulares da sociedade existente até então, mas também contra a própria ‘produção da vida’ vigente, contra a ‘atividade total’ sobre a qual se baseia.”


A concepção materialista de história definida por Marx é divida em quatro itens:


  • No desenvolvimento das formas produtivas emana uma nova classe social sem as regalias dos dominadores. Desta classe dominada nasce a consciência comunista graças a sua situação de classe (contraditória à situação da classe dominante, possuidora dos meios de produção).

  • O Estado é expressão prático-idealista nas mãos da elite econômica. Faz-se necessário a luta revolucionária para uma nova direção do Estado.

  • A revolução comunista faz com que a atividade do modo de produção seja orientada para suprimir o resultado do trabalho e superar a dominação de classes e as próprias classes.

  • A transformação dos homens deve ser feita por uma revolução. Uma revolução que faça “varrer toda a podridão do velho sistema e tornar-se capaz de fundar a sociedade sobre bases novas”.