Aula: Raça, preconceito e desigualdade social.
O Mito da Democracia Racial no Brasil:
Gilberto Freire em sua obra “Casa Grande e Senzala”, defende a ideia de que no Brasil ocorreu a miscigenação de raças de modo tranquilo, pacífico e amigável entre negros, brancos e índios.
A raça da classe social dominante (branca e europeia) deveria dominar as demais raças, negra e indígena de modo a domesticá-las, educá-las e torná-las obedientes ao elemento colonizador (assim pensavam tais Antropólogos).
O branqueamento do Brasil tinha como função servir de exemplo cultural e estético para as elites brancas Brasileiras e para a população negra do país.
O Sociólogo Brasileiro Sérgio Buarque de Holanda em sua obra “Raízes do Brasil”, defendeu a ideia de que os Portugueses e os Espanhóis tinham mais tolerância a mistura de raças do que o restante dos europeus, pois seus territórios foram ocupados por Mouros e outros povos durante centenas de anos, o que fez com que ambos conseguissem aceitar melhor o convívio com negros e índios no Brasil, resultando na defesa, mesmo que indireta, da teoria da Democracia racial.
Para parte da Historiografia e Sociologia, Americana e Brasileira, no Brasil não ocorreu a criação de Leis de exclusão dos direitos políticos e sociais dos negros tal como aconteceu nos Estados Unidos e na África do Sul.
Outro Sociólogo, Florestan Fernandes por sua vez...
Fez uma crítica ao conceito da Democracia Racial argumentando que a mistura de raças não ocorreu por que Portugueses e Espanhóis já possuíam este comportamento de aceitação do elemento estrangeiro em suas terras natais, tal como defendia o Sociólogo brasileiro Sérgio Buarque de Holanda.
A mistura de raças no Brasil ocorreu por causa da violência do branco sobre o negro. Os senhores de escravos utilizavam as mulheres negras como objetos de seu prazer sexual. Seus filhos também eram iniciados na vida sexual através das escravas e em muitas destas vezes, tais relações nasciam do uso da força bruta e masculina (estupro) sobre as mulheres negras. Ou seja, para Florestan, o Mito da Democracia Racial não passa de um conto de fadas ou uma estória da carrocinha criada e contada pela elite brasileira para amansar ou diminuir a revolta dos negros.
Para Florestan, a maior prova de que existe preconceito racial no Brasil é a atual situação da população negra no país: em boa parte ganhando menos que os brancos, morando pior que os brancos, presente em atividades que demandem menos escolaridade.
Em sua obra, “A integração do negro na sociedade de classes”, Florestan Fernandes comprova que assim que ocorreu o fim da escravidão, os latifundiários que se aproveitavam da mão de obra escrava e negra, dispensaram todos os escravos e estes foram parar nas cidades de grande e médio porte do país. O Capital, ressentido com o fim da mão de obra escrava, descontou sua raiva não empregando negros em quaisquer tipos de atividades econômicas. Pra piorar, com a “Lei da Vadiagem”, os negros foram expulsos para os morros e para as periferias das grandes cidades, pois se ficassem no centro das mesmas, seriam presos. E assim foram criadas as primeiras favelas das grandes metrópoles brasileiras. Esta é outra das teorias que discordam do Mito da Democracia Racial.
Hoje em dia:
As discussões das cotas podem ser uma saída para atenuar a imensa disparidade entre brancos e negros no Brasil. Não podemos esquecer também, que existem muitos brancos e mestiços pobres que também poderiam ser beneficiados pelas cotas. Mas aí o caráter de reparação da escravidão estaria resolvido?
Conclusão:
Despertar a participação no debate em torno do tema para que a sociedade possa contribuir com a discussão atual sobre se as cotas são positivas ou não, se devem estar presentes apenas na Universidade ou fora dela, se devem ser raciais ou econômicas ou ambas e principalmente, se elas resolvem os problemas de séculos de escravidão e o que pode ser feito então para resolver esta triste herança.