sexta-feira, 2 de abril de 2021

O mito da democracia racial no Brasil...

Aula: Raça, preconceito e desigualdade social.

O Mito da Democracia Racial no Brasil:

  • Gilberto Freire em sua obra “Casa Grande e Senzala”, defende a ideia de que no Brasil ocorreu a miscigenação de raças de modo tranquilo, pacífico e amigável entre negros, brancos e índios.

  • A raça da classe social dominante (branca e europeia) deveria dominar as demais raças, negra e indígena de modo a domesticá-las, educá-las e torná-las obedientes ao elemento colonizador (assim pensavam tais Antropólogos).

  • O branqueamento do Brasil tinha como função servir de exemplo cultural e estético para as elites brancas Brasileiras e para a população negra do país.

  • O Sociólogo Brasileiro Sérgio Buarque de Holanda em sua obra “Raízes do Brasil”, defendeu a ideia de que os Portugueses e os Espanhóis tinham mais tolerância a mistura de raças do que o restante dos europeus, pois seus territórios foram ocupados por Mouros e outros povos durante centenas de anos, o que fez com que ambos conseguissem aceitar melhor o convívio com negros e índios no Brasil, resultando na defesa, mesmo que indireta, da teoria da Democracia racial.

  • Para parte da Historiografia e Sociologia, Americana e Brasileira, no Brasil não ocorreu a criação de Leis de exclusão dos direitos políticos e sociais dos negros tal como aconteceu nos Estados Unidos e na África do Sul.

Outro Sociólogo, Florestan Fernandes por sua vez...

  • Fez uma crítica ao conceito da Democracia Racial argumentando que a mistura de raças não ocorreu por que Portugueses e Espanhóis já possuíam este comportamento de aceitação do elemento estrangeiro em suas terras natais, tal como defendia o Sociólogo brasileiro Sérgio Buarque de Holanda.

  • A mistura de raças no Brasil ocorreu por causa da violência do branco sobre o negro. Os senhores de escravos utilizavam as mulheres negras como objetos de seu prazer sexual. Seus filhos também eram iniciados na vida sexual através das escravas e em muitas destas vezes, tais relações nasciam do uso da força bruta e masculina (estupro) sobre as mulheres negras. Ou seja, para Florestan, o Mito da Democracia Racial não passa de um conto de fadas ou uma estória da carrocinha criada e contada pela elite brasileira para amansar ou diminuir a revolta dos negros.

  • Para Florestan, a maior prova de que existe preconceito racial no Brasil é a atual situação da população negra no país: em boa parte ganhando menos que os brancos, morando pior que os brancos, presente em atividades que demandem menos escolaridade.

  • Em sua obra, “A integração do negro na sociedade de classes”, Florestan Fernandes comprova que assim que ocorreu o fim da escravidão, os latifundiários que se aproveitavam da mão de obra escrava e negra, dispensaram todos os escravos e estes foram parar nas cidades de grande e médio porte do país. O Capital, ressentido com o fim da mão de obra escrava, descontou sua raiva não empregando negros em quaisquer tipos de atividades econômicas. Pra piorar, com a “Lei da Vadiagem”, os negros foram expulsos para os morros e para as periferias das grandes cidades, pois se ficassem no centro das mesmas, seriam presos. E assim foram criadas as primeiras favelas das grandes metrópoles brasileiras. Esta é outra das teorias que discordam do Mito da Democracia Racial.

Hoje em dia:

As discussões das cotas podem ser uma saída para atenuar a imensa disparidade entre brancos e negros no Brasil. Não podemos esquecer também, que existem muitos brancos e mestiços pobres que também poderiam ser beneficiados pelas cotas. Mas aí o caráter de reparação da escravidão estaria resolvido?

Conclusão:

Despertar a participação no debate em torno do tema para que a sociedade possa contribuir com a discussão atual sobre se as cotas são positivas ou não, se devem estar presentes apenas na Universidade ou fora dela, se devem ser raciais ou econômicas ou ambas e principalmente, se elas resolvem os problemas de séculos de escravidão e o que pode ser feito então para resolver esta triste herança.