Organon.
Livro
VI – Elencos Sofísticos.
Aristóteles.
Esta
é uma pequena resenha sobre este livro da obra “Organon”, do
filósofo grego Aristóteles, publicada na coleção “Os
pensadores” da Editora Abril. Portanto, a obra não está completa
nesta tradução e publicação e respectivamente a resenha é apenas
deste Livro VI.
Objetivo:
De
uma maneira geral, podemos dizer que esta obra tem o objetivo de
fazer um estudo minucioso sobre a questão da dialética (enquanto
arte do diálogo e da retórica) e da Sofística. De uma forma geral
também podemos dizer que trata-se de uma obra com o objetivo de ser
um manual para não se enganar com as armadilhas e artimanhas dos
diálogos e da retórica dos Sofistas.
Organon
é uma obra que tem por finalidade criar balizas para o correto
funcionamento ou transcorrer do pensamento. Não é uma obra de
investigação. O método classificatório e Funcionalista do autor é
que parte do Particular para o Universal enquanto definição do
pensamento de maneira correta. Aristóteles faz aqui uso de parte de
seu método, ao descrever sobre o Silogismo, que tende a partir da
coleta de informações do Universal para compor o particular. O
Silogismo é, portanto, dedutivo. O Silogismo é um raciocínio
formado por três proposições, sendo a primeira premissa maior, a
segunda a menor e a terceira a conclusão. Para Aristóteles:
“O
Silogismo é um razoamento em que, dadas certas premissas, se extrai
uma conclusão conseqüente e necessária, através das premissas
dadas.” O Paralogismo é um falso raciocínio ou falsa
argumentação, portanto, objeto de análise e crítica desta obra
constantemente.
Portanto,
de uma maneira geral, quando Aristóteles faz a classificação das
espécies, objetos e seres, ele é indutivo. Portanto parte do
particular para se chegar ao Universal. Quando faz a análise da
maneira correta de se pensar, livre de erros, é dedutivo, pois
utiliza o Silogismo, portanto base para se chegar a Lógica ou
Analítica.
Durante
toda a obra, os ataques aos Sofistas são constantes. Aristóteles os
designa por possuírem apenas a aparência da sabedoria, de serem
superficiais no seu ensino, de se utilizarem de subterfúgios para
vencer os debates, de relativizarem as verdades absolutas ou
universais, entre outras acusações. Os Sofistas partem do
particular para retirarem a verdade e mantêm-se no particular para
cultivar a verdade. Aristóteles vai ao particular e então retira a
verdade para aplicá-la ao Universal. O propósito dos Sofistas é
manter as “refutações aparentes”. Os Sofistas não querem
ensinar, querem polemizar e ganhar dinheiro, de acordo com nosso
autor. Este é o primeiro propósito dos Sofistas. O segundo é criar
a falsa contradição para fazer o interlocutor cair em contradição.
Outra tática comum dos Sofistas (ainda segundo nosso autor), é a de
que estes sempre tentavam levar o diálogo ou o debate para um campo
ou área do conhecimento que os mesmos sempre tivessem boas
informações e tivessem o mínimo domínio do que falavam. Também
conhecer previamente as posições ou opiniões do interlocutor,
facilitava previamente a se preparar e melhor atacar os argumentos do
mesmo. Ou seja, para Aristóteles, os Sofistas não faziam ou não
desejavam fazer Ciência.
Numa
passagem do tópico 12, Górgias é acusado de, na Obra de Platão de
mesmo nome, defender a idéia de que tudo na natureza era o correto e
o ideal e que a Lei era algo não natural e portanto não deveria
existir. Levar as argumentações para este terreno, era prática de
Górgias para quebrar a argumentação de seus interlocutores.
Também
de acordo com o autor, era prática dos Sofistas levar o interlocutor
ao “Solecismo”, que é a prática de induzir o outro a usar
argumentos errôneos com intuito de levá-lo ao erro. Outro método
útil para refutar certas argumentações é a “prolixidade”,
pois é difícil combater e se ater a tais argumentações demoradas
e geralmente cansativas, o que faz com que o interlocutor desista do
diálogo ou concorde com as palavras ditas, mesmo não entendendo-as
perfeitamente.
Para
Aristóteles, estudar os argumentos Sofísticos, é algo de extrema
utilidade para a Filosofia pois: Primeiro: faz-se os estudos das
palavras; Segundo: Aprende-se a não falar ao acaso pois se evita
assim os erros (este seria um ensinamento valioso a boa parte dos
utilizadores de redes sociais que falam pelos cotovelos sem a mínima
noção do que estão dizendo); e Terceiro: Torna-se experiente em
todos os saberes.
No
encerramento do tópico 22 há uma argumentação sobre a relação
particular – universal em Aristóteles. Ele defende o conceito de
que homem é quantidade, qualidade, portanto universal. E Cálias,
individual, qualidade, particular. Porém, para Aristóteles,
qualidade se tira do menor para o maior? Pode haver qualidade no
individual ou no Universal?
No
último tópico, finaliza com uma crítica a Dialética de Platão,
comparando a Sofística, pelo exercício da retórica. É bom lembrar
que para Aristóteles, o método dedutivo não é confiável como bom
instrumento para se chegar a verdade.