sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Resenha Organon, Livro VI, Aristóteles.


Organon.
Livro VI – Elencos Sofísticos.
Aristóteles.

Esta é uma pequena resenha sobre este livro da obra “Organon”, do filósofo grego Aristóteles, publicada na coleção “Os pensadores” da Editora Abril. Portanto, a obra não está completa nesta tradução e publicação e respectivamente a resenha é apenas deste Livro VI.

Objetivo:

De uma maneira geral, podemos dizer que esta obra tem o objetivo de fazer um estudo minucioso sobre a questão da dialética (enquanto arte do diálogo e da retórica) e da Sofística. De uma forma geral também podemos dizer que trata-se de uma obra com o objetivo de ser um manual para não se enganar com as armadilhas e artimanhas dos diálogos e da retórica dos Sofistas.

Organon é uma obra que tem por finalidade criar balizas para o correto funcionamento ou transcorrer do pensamento. Não é uma obra de investigação. O método classificatório e Funcionalista do autor é que parte do Particular para o Universal enquanto definição do pensamento de maneira correta. Aristóteles faz aqui uso de parte de seu método, ao descrever sobre o Silogismo, que tende a partir da coleta de informações do Universal para compor o particular. O Silogismo é, portanto, dedutivo. O Silogismo é um raciocínio formado por três proposições, sendo a primeira premissa maior, a segunda a menor e a terceira a conclusão. Para Aristóteles:

“O Silogismo é um razoamento em que, dadas certas premissas, se extrai uma conclusão conseqüente e necessária, através das premissas dadas.” O Paralogismo é um falso raciocínio ou falsa argumentação, portanto, objeto de análise e crítica desta obra constantemente.

Portanto, de uma maneira geral, quando Aristóteles faz a classificação das espécies, objetos e seres, ele é indutivo. Portanto parte do particular para se chegar ao Universal. Quando faz a análise da maneira correta de se pensar, livre de erros, é dedutivo, pois utiliza o Silogismo, portanto base para se chegar a Lógica ou Analítica.

Durante toda a obra, os ataques aos Sofistas são constantes. Aristóteles os designa por possuírem apenas a aparência da sabedoria, de serem superficiais no seu ensino, de se utilizarem de subterfúgios para vencer os debates, de relativizarem as verdades absolutas ou universais, entre outras acusações. Os Sofistas partem do particular para retirarem a verdade e mantêm-se no particular para cultivar a verdade. Aristóteles vai ao particular e então retira a verdade para aplicá-la ao Universal. O propósito dos Sofistas é manter as “refutações aparentes”. Os Sofistas não querem ensinar, querem polemizar e ganhar dinheiro, de acordo com nosso autor. Este é o primeiro propósito dos Sofistas. O segundo é criar a falsa contradição para fazer o interlocutor cair em contradição. Outra tática comum dos Sofistas (ainda segundo nosso autor), é a de que estes sempre tentavam levar o diálogo ou o debate para um campo ou área do conhecimento que os mesmos sempre tivessem boas informações e tivessem o mínimo domínio do que falavam. Também conhecer previamente as posições ou opiniões do interlocutor, facilitava previamente a se preparar e melhor atacar os argumentos do mesmo. Ou seja, para Aristóteles, os Sofistas não faziam ou não desejavam fazer Ciência.

Numa passagem do tópico 12, Górgias é acusado de, na Obra de Platão de mesmo nome, defender a idéia de que tudo na natureza era o correto e o ideal e que a Lei era algo não natural e portanto não deveria existir. Levar as argumentações para este terreno, era prática de Górgias para quebrar a argumentação de seus interlocutores.

Também de acordo com o autor, era prática dos Sofistas levar o interlocutor ao “Solecismo”, que é a prática de induzir o outro a usar argumentos errôneos com intuito de levá-lo ao erro. Outro método útil para refutar certas argumentações é a “prolixidade”, pois é difícil combater e se ater a tais argumentações demoradas e geralmente cansativas, o que faz com que o interlocutor desista do diálogo ou concorde com as palavras ditas, mesmo não entendendo-as perfeitamente.

Para Aristóteles, estudar os argumentos Sofísticos, é algo de extrema utilidade para a Filosofia pois: Primeiro: faz-se os estudos das palavras; Segundo: Aprende-se a não falar ao acaso pois se evita assim os erros (este seria um ensinamento valioso a boa parte dos utilizadores de redes sociais que falam pelos cotovelos sem a mínima noção do que estão dizendo); e Terceiro: Torna-se experiente em todos os saberes.

No encerramento do tópico 22 há uma argumentação sobre a relação particular – universal em Aristóteles. Ele defende o conceito de que homem é quantidade, qualidade, portanto universal. E Cálias, individual, qualidade, particular. Porém, para Aristóteles, qualidade se tira do menor para o maior? Pode haver qualidade no individual ou no Universal?

No último tópico, finaliza com uma crítica a Dialética de Platão, comparando a Sofística, pelo exercício da retórica. É bom lembrar que para Aristóteles, o método dedutivo não é confiável como bom instrumento para se chegar a verdade.