sexta-feira, 24 de abril de 2009

Racionalismo Combatente!

O Racionalismo Combatente: Francisco Ferrer y Guardia – Ramón Safón

Dividido basicamente em 9 textos, a obra como um todo expressa a opinião dos paralelistas, ou seja, uma crítica sem pé nem cabeça as experiências do CENU – Conselho da Escola Nova Unificada e as experiências federalistas destas Escolas chamando-as de formadores de mão de obra para as necessidades mais urgentes das Comunidades (se esquecendo que isto poderia ajudar no desenvolvimento individual e profissional dos jovens além de ajudar na transformação econômica da Espanha em guerra contra o nazi-fascismo). O que parece é que a crítica paralelista em alguns momentos deseja relativizar as necessidades dos trabalhadores naquele momento com críticas completamente desproporcionais e desapegadas a realidade política, econômica e social.

Para reafirmar ainda mais a posição da propaganda paralelista, dos 9 textos, 7 são lideranças da CNT-Vignoles e do Sindicato da Educação filiada a mesma na França. Em momento algum se dá voz ou direito de defesa a Juan Puig Elias, presidente do CENU ou aos anarcosindicalistas da CNT-AIT/Espanha para se defenderem ou exporem suas posições a respeito do tema. Os paralelistas exaltam as escolas novas fora do CENU, e nos trazem seus nomes que são homenagens a Comunistas na Espanha, Presidente da República, etc... pode uma Escola Libertária carregar o nome de Presidente da República Espanhola ou mesmo de Comunistas que traíram os anarquistas na Espanha e em todos os outros lugares do mundo?

O texto de Ramón Safón, o 2º do livro, possui alguns dados sobre a vida de Ferrer, seu pai que era Republicano na Espanha ao lado dos federalistas (que tinham um conflito com os Republicanos nacionalistas desde 1873, fundação da 1º República).

Ferrer também contou com o apoio da Maçonaria no desenvolvimento da Escola Nova por toda a Espanha (processo semelhante ocorre no Brasil, onde os Maçons além de ajudarem na criação das Escolas Novas, também apoiavam as já existentes).

O livro também traz alguns materiais da CNT-F (ou Vignoles) e do Sindicato da Educação da Região Parisiense, além da Plataforma de organização e luta dos mesmos.

Na página 37, traz dados importantes sobre o CENU.

Ferrer nasce em Alelha em 1859, cidade perto de Barcelona e adere em 1880 até 1886 à maçonaria. Poucos anos depois, quando se refugia em Paris, conhece a Srta. Meumié, a qual, quando falece, deixa toda sua fortuna para Férrer. É com esta quantia que Ferrer cria a Escola Moderna e sua Editora. De volta a Espanha há uma grande desigualdade que o autor precisa enfrentar: alto índice de analfabetismo e a presença da Igreja e do Ensino Religioso na Espanha.

A Escola Nova deve ser integral, racional, mista e libertária: integral pois deve conter todo o conhecimento necessário para potencializar o desenvolvimento do indivíduo; racional pois deve basear-se na experiência (a posteriore) e na razão, contrariando as crenças e preconceitos da Igreja; mista pois deve ter em conjunto meninos e meninas em sala; que seja libertária, pois deve ser antiestatal, antiautoritária, defendendo a liberdade do próximo como se fosse a própria. Eis o sonho de Escola para Férrer.

Safón, Rámon. O Racionalismo Combatente: Francisco Ferrer y Guardiã. Editora Imaginário. São Paulo-SP.