sexta-feira, 24 de abril de 2009

Os Sindicatos operários e a revolução social.

OS SINDICATOS OPERÁRIOS E A REVOLUÇÃO SOCIAL.

Inicialmente se percebe uma influência muito grande dos positivistas e dos deterministas históricos nesta obra. Está presente uma necessidade sobre a revolução social, uma revolução social que está em ‘marcha’. Também se nota na obra, uma influência muito grande (no que toca somente a crítica econômica) do livro ‘Imperialismo, fase superior do capitalismo’, de Lênin. Nesta obra, Lênin tenta com louvor demonstrar que no último terço do século XIX, o capitalismo entra numa situação monopolizadora e começa a associação feroz entre grandes Indústrias ou conglomerados destas com os bancos nacionais e internacionais. O processo só vem a se intensificar no começo do século XX. Tal movimento de encontro do capital bancário com o Industrial é chamado de capitalismo financeiro, que para Lênin é a terceira fase de acumulação capitalista.

No começo, Besnard também deixa claro que existem forças sociais, desde a mais antiga história do homem, que se contrapõe. Hoje, com o avanço das técnicas de produção e do meio de produção, os trabalhadores também se organizaram de modo mais estratégico. O autor aponta para táticas utilizadas pela classe dominante em tentar disfarçar ou camuflar a luta de classes. O mesmo se apressa em expressar: “considero que todo indivíduo que vive exclusivamente do produto de seu trabalho, que não explora ninguém, pertence a Classe Operária, ao proletariado”.

Besnard desmistifica os argumentos da propaganda da burguesia (que vai de encontro a idéia de que não existem Classes Sociais) de que existe um ‘interesse geral’. E neste sentido, o autor vai até Rousseau para efetuar tal crítica. No momento seguinte, efetua uma crítica ao mesmo, sem levar em consideração a conjuntura em que vivia o autor do século XVIII. Posteriormente, Besnard define que a colaboração de classes é impossível e define a receita para combater tal mal: a luta de classes.

A arma utilizada pela Burguesia e o Estado contra as organizações dos trabalhadores é o desemprego. Além de várias outras formas encontradas para manter o operariado sob o medo da perda do trabalho. Esta é uma jogada com o intuito de se manter os salários baixos, e os trabalhadores submissos às ameaças e decisões patronais e governamentais.

Também existem diversas observações sobre a origem das crises na Europa, o panorama a época do desemprego, como uma tentativa de se demonstrar a conjuntura.

Para os trabalhadores o autor destaca uma série de táticas que podem ser utilizadas como defesa e ataque a Burguesia e ao Estado. Neste momento se apresentam três reivindicações:

1-Redução da Jornada de Trabalho; como forma de paralisar a maior arma da burguesia contra os trabalhadores e colocá-la pressionada contra o muro e sem saída.
2-Salário Único; como forma de se acabar com as desigualdades presentes entre os trabalhadores.
3-Controle sindical da produção; como complementação do segundo item e início do processo de tomada do meio de produção por parte dos próprios trabalhadores. É muito difícil ser colocado em prática dentro do sistema capitalista, mas é o objetivo.

Nas páginas seguintes, o autor critica o uso de Partidos para se construir a revolução. Desmente a tese do Partido que se proclama de operário (jamais haverá partidos operários, e sim de elites intelectuais que comandam a vida dos trabalhadores, e que portanto são inimigas de classe do proletariado). Também utiliza um capítulo inteiro para demonstrar o quanto é falsa a idéia da Ditadura do Proletariado, citando Kropotkin em diversas passagens para justificar sua fala. Percebe-se que o autor utiliza da crítica econômica sobre o Imperialismo da qual Lênin também o faz. Porém Besnard se distancia de imediato do mesmo (Lênin) para demonstrar que a saída para os trabalhadores é a organização direta em Sindicatos, Uniões ou Ligas de trabalhadores por ramos econômicos da produção, no intuito claro de combater a estratégia marxista para o proletariado.

Pierre Besnard também dá ênfase ao uso por parte dos trabalhadores da greve de advertência, boicote, sabotagem, paralização e outros meios táticos de luta, estas são maneiras de se preparar o terreno para a construção da luta revolucionária. Todas tem o intuito pedagógico para os trabalhadores. O uso da Greve Geral insurrecional e expropriadora como instrumento da luta final entre classes, é amplamente defendido.

Besnard, Pierre. Os sindicatos operários e a revolução social. volume – I. São Paulo-SP. Editora Novos Tempos.