terça-feira, 27 de abril de 2021

Pequeno resumo sobre alguns importantes conceitos do Sociólogo Max Weber.

 Max Weber (1864-1920)1:


É um sociólogo alemão que explica o surgimento do capitalismo através das influências religiosas e comportamentais que o Protestantismo ajudou a desenvolver nos fiéis desta religião, que são predominantes nos países Europeus e do norte da América. Por consequência, são também os países mais desenvolvidos do mundo.


A ética protestante e o espírito do capitalismo: É o nome do principal livro do autor. Nesta obra, ele explica que o sistema capitalista não nasce apenas como desenvolvimento das tecnologias nos séculos XVIII e XIX, mas sim como um conjunto de atitudes das religiões que compõem o Protestantismo, que visam consagrar o trabalho humano. Para os Protestantes, os pecados não poderiam ser absolvidos pelas palavras do padre, tal como ocorre no Catolicismo, mas somente por deus. Portanto, uma das formas de deus perdoar os homens (para os protestantes), seria através do esforço pessoal e do trabalho. Por isso, os Protestantes acreditam que acumular riqueza seria uma forma de demonstrar a deus que se é uma pessoa esforçada. Ou seja, para eles, isso seria uma forma de absolver os próprios pecados perante deus. Foi esta ideia de trabalhar para enriquecer (mesmo que explorando o próximo), que ajudou a desenvolver o sistema capitalista em que vivemos hoje.


Ação social: É um conceito criado por Weber para definir a ação individual que gera impactos no restante da sociedade. É o ponto de partida deste autor para entender os problemas da sociedade e tentar resolvê-los. Enquanto Marx busca respostas no coletivo para entender a realidade humana (sindicatos, partidos, movimentos sociais e populares e outros), Weber está interessado em descobrir o que motiva a ação dos homens e assim explicar a realidade que nos cerca. Diferente também de Durkheim que foca seu entendimento nas instituições da sociedade (escolas, Estado, polícia, a moral e outras), Weber foca sua análise no entendimento das ações sociais, sua interpretação, compreensão e assim poder explicar o funcionamento do capitalismo e a orientação das pessoas nas suas ações. Para Weber, a sociedade seria como um conjunto de ações sociais.


Tipo ideal: É outro conceito criado por Max Weber para tentar delimitar quais são os objetos que podem ou não ser estudados pela Sociologia. É um conceito que assim como o “fato social” de Durkheim, tenta explicar a realidade sob o ponto de vista das Ciências Sociais. O tipo ideal pode estudar os objetos de estudo da Sociologia sem ser tão criterioso quanto o “fato social” de Durkheim. O Cientista Social tem a liberdade de interpretar o objeto de estudo da Sociologia e dar seu ponto de vista sabendo ser impossível não colocar sua própria opinião na sua análise Sociológica. Já para Durkheim, ao se usar o “fato social” para analisar a sociedade, não seria permitido a opinião, interpretação, compreensão e descrição do objeto, mas apenas analisar diretamente, friamente, de forma distante, sem se envolver com aquilo que se estuda. Ou seja, para Durkheim, o pesquisador (cientista) não deve se envolver com o objeto de estudo, tem que ser neutro. Para Weber, isso seria impossível, pois o pesquisador ou cientista sempre transmitiria sua opinião ao analisar um determinado objeto. Sempre permitiria que seus sentimentos ou opiniões interferissem em suas análises ou estudos.


Jaula de ferro da razão: Weber, por um lado, era pessimista quanto ao futuro da sociedade capitalista. Por outro lado, via um avanço nesse sistema, pois ele acreditava que o mercado evitava as guerras e os conflitos entre povos. Com o aparecimento do Estado Democrático de Direito, ou o Estado Moderno, com as proteções civis e sociais aos cidadãos, Weber acreditava que a burocracia e a lei, seriam passos importantes para se evitar a guerra de todos contra todos. A burocracia e o império da lei seriam formas de se evitar excessos por parte do Estado contra os cidadãos. Por outro lado, estas mesmas leis e burocracias do Estado, além de um excesso das técnicas da Ciência e da razão, criariam um futuro onde criatividade, sentimentos, espontaneidade e as emoções das pessoas, seriam deixadas de lado. O excesso de normas das burocracias tornariam a vida pessoal e em sociedade padronizada, sem graça, triste, fria, onde os sentimentos seriam sufocados pela razão. No fundo é uma preocupação de Weber e uma crítica ao Positivismo e suas consequências. É uma crítica também a Sociologia de Auguste Comte e Émile Durkheim e do restante dos positivistas nas Ciências Sociais.


Classes sociais: Para Marx, a classe social de um indivíduo se define pela posse ou não da propriedade que gera a riqueza (fábricas, fazendas, comércios, entre outros). Para Weber, classes não são um agrupamento de caráter econômico. Classes podem ser definidas pelo nível de estudo do indivíduo, por sua cultura e saber, pela honra ou prestígio que possui o indivíduo, pelo poder que se tem (se é político ou não, se o indivíduo é liderança da comunidade em que vive), pelo poder de consumo também. Mas não apenas pela definição econômica como pensou Marx.


Exercícios:

1-Por que Weber era pessimista em relação ao futuro do capitalismo e das sociedades modernas? O que Weber previu que poderia acontecer na Europa por causa dessa visão pessimista?

2-O que é a ética protestante e o espírito do capitalismo? O que essa história explica?

3-O que é o conceito de ação social para Weber? Dê três exemplos do que pode ser a ação social para Weber?

4-O que é o conceito de tipo ideal? Qual a diferença para o conceito de fato social de Durkheim visto na aula anterior?

5-Como Weber enxergava o sistema capitalista? Explique.

6-Qual a diferença entre o conceito de classes sociais para Karl Marx e para Max Weber?

7-Quem foi Max Weber?

8-Escreva nas suas palavras, depois de estudar um pouco sobre os três clássicos da Sociologia, o que você entendeu sobre cada um deles?

9-Qual dos três clássicos da Sociologia fez mais sentido pra você? Ou qual você concordou mais? Explique.

10-O que é a jaula de ferro da razão?

1 Texto do professor Fernando Henrique Monteiro. Bacharel em Ciências Sociais com licenciatura plena na PUC-SP, com especialização em Filosofia pela UGF-SP e mestrado em Filosofia também pela PUC-SP.