terça-feira, 30 de março de 2021

O conceito de Mais valia na Sociologia e na Economia: um pequeno entendimento para estudantes do ensino Médio.

O conceito de “mais valia” na Sociologia e na Economia1:


  • É um conceito criado pelo economista “Liberal” inglês Adam Smith (1723-1790). Ele tenta explicar que o esforço do empreendedor ou do empresário, ao construir fábricas, fazendas, comércios e outras empresas, é que gera a riqueza de todas as nações. Para Adam Smith, é o empresário que coloca em risco seu patrimônio e seu nome ao investir num novo empreendimento.


  • Por outro lado, outro economista e sociólogo, o “Socialista” alemão Karl Marx (1818-1883), também acredita que é o trabalho humano que gera a riqueza das nações, mas não o trabalho do empresário em si (“trabalho não produtivo”), mas sim, o trabalho do próprio trabalhador (“trabalho produtivo”) que põe a mão na massa. Para Marx, é o trabalhador que gera a riqueza do patrão para que ele invista em outros empreendimentos e assim continue enriquecendo cada vez mais.


  • Marx explica que a “mais valia” aparece quando o trabalhador produz, durante horas de trabalho dedicadas ao patrão, um excedente de horas trabalhadas (que geram mercadorias ou serviços), no qual o “capitalista” (patrão) irá se apropriar gerando o lucro. Uma pequena parcela do que é produzido pelo trabalhador retorna para o mesmo em forma de salário. A maior parte fica nas mãos do patrão gerando o lucro do mesmo.


  • Este conflito chega até os dias de hoje dividindo as Ciências Humanas: de um lado os defensores das ideias de Marx, que acreditam que “se a classe operária tudo produz, a ela, tudo pertence”. E de outro lado, os defensores das ideias de Adam Smith, que acreditam na força e coragem do empresário para empreender. Para Marx, é a exploração do trabalhador pelo patrão, que faz aparecer em todo o mundo a imensa “desigualdade social e econômica” nos dias de hoje. Quando apenas seis pessoas em todo o planeta tem o mesmo dinheiro que metade da população da Terra, ou seja, quase quatro bilhões de habitantes, juntos, somados, tem o mesmo dinheiro que as seis pessoas mais ricas, isso é prova de quanto a exploração (ou a “mais valia”) produz de maldade e injustiça em todo o mundo.


  • Marx acredita que a única forma de se acabar com a “mais valia” (ou a exploração dos trabalhadores) é a “revolução”. A “burguesia” (ou os “capitalistas”), que são donos das fábricas, das fazendas, dos comércios, das empresas de uma forma geral, jamais entregarão suas riquezas aos trabalhadores. A burguesia jamais abrirá mão de seus privilégios. Por isso, Marx acredita que a única forma de se resolver essa situação, é através de uma “revolução”, em que os trabalhadores tomem o controle do Estado e assumam o controle das empresas, iniciando assim as reformas que farão o “Socialismo”.


  • Este conflito entre patrões e trabalhadores no “capitalismo”, ocorre por que os patrões querem aumentar seus lucros e, para isso, precisam explorar mais os trabalhadores. Por outro lado, os trabalhadores não querem receber salários menores (pois já recebem uma pequena parcela do que produzem). Este impasse gera o que Marx chamou de “luta de classes”. É um conflito eterno entre burgueses e proletários. Marx dizia em seu livro, “Manifesto do partido comunista”: “A história da humanidade é a história da luta de classes”. Esta “luta de classes” é muito importante para ele. É um conflito positivo para a humanidade, pois, através deste choque entre as classes, poderia surgir uma nova sociedade: uma nova sociedade sem explorados, sem exploradores, sem injustiças, sem crimes, sem desigualdades, sem preconceitos. Ou seja, uma sociedade sem patrões, onde só existam trabalhadores: é a sociedade “socialista”.


  • Marx acredita que quanto maior é o conflito entre as duas principais “classes sociais” (“burguesia” e o “proletariado”), maior será a chance de criar e desenvolver a “consciência de classe” dos trabalhadores, para que acabem com a exploração que sofrem fazendo a “revolução”. Ou seja, que os trabalhadores assumam o controle das fábricas, fazendas, enfim, dos “meios de produção”. Este seria o início da sociedade ou economia “socialista”. Para Marx, seria uma sociedade em que as riquezas seriam distribuídas de forma justa entre os trabalhadores, sem exploração, sem injustiças, sem desigualdades, sem crimes, sem diferenças. Os trabalhadores deveriam administrar o “Estado” e toda a economia. Os políticos seriam representantes escolhidos diretamente por gente do povo e não milionários e bilionários que se elegem nos dias de hoje, defendendo apenas seus interesses.


  • Para Marx, existe uma frase que explica bem como os trabalhadores devem se libertar: A emancipação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores.” Este era o lema da 1º Internacional: uma união de trabalhadores de todo o mundo lutando para se libertar da prisão imposta pelos patrões aos povos de todo o mundo. Ou seja, os trabalhadores devem se unir e não aceitar a intromissão de chefes e políticos na libertação de si e dos outros operários em todo o mundo.


  • Esta “consciência de classe” fará o trabalhador desenvolver uma noção crítica da sua realidade pessoal e da classe que pertence. Com a consciência de classe, o trabalhador se liberta da opressão que a burguesia exerce sobre suas ideias. Dessa forma, o trabalhador quebra a “alienação” que o envolve e desmonta os argumentos da “ideologia” da “classe dominante” que o mantém aprisionado, impedindo-o de pensar e agir por uma vida melhor para si e para seu próximo. Por isso a importância da educação, da escola, dos estudos, da formação intelectual de todo cidadão, pois para ele, a consciência crítica é o maior bem que o trabalhador pode possuir na vida. Assim pensou Marx lá no século XIX.

Texto do Professor Fernando Monteiro.