Nietzsche:
Este
texto se trata apenas de um pequeno resumo de alguns “conceitos”
na obra do filósofo Alemão e de alguns de seus argumentos. Não é
especificamente a resenha de uma obra do autor propriamente dita.
Para tanto, peço as iniciais desculpas por eventuais citações sem
a fonte e por eventuais erros sem correções ou embasamentos. Parte
deste texto vem de um documentário sobre Nietzsche feito pelo
filósofo francês Alain de Botton.
Nietzsche
vem para romper com o racionalismo prescrito em toda a Filosofia,
desde os gregos até o Iluminismo. Faz uma contradição entre
Apolíneos e Dionisíacos para retratar a realidade do comportamento
humano. Apolo é o deus da razão, da lógica. Dionísio, o deus da
criatividade e da sensibilidade do homem. Nietzsche quer o fim da
racionalidade fria dentro da Filosofia.
Se
opõe ao Socialismo e todos os outros regimes políticos que
considera autoritários e que por ventura se prestem a reprimir o
indivíduo. Ele não acredita na igualdade entre os homens. Também é
contra a Democracia Liberal pois crê que todos estes Sistemas
colocam os homens como escravos se subordinando a burocracias, regras
inúteis e ao Estado.
Quando
este Filósofo trabalha a expressão “Filosofia a marteladas”,
quer nada mais que traduzir o choque de suas idéias e propostas que
são uma tentativa de se destruir os mitos e as influências da
religião e da política em nossas sociedades.
Vontade
da Potência:
Um
dos objetivos da Filosofia de Nietzsche é criar uma espécie de novo
homem, ou um homem autônomo, que nada mais seria do que criar um
homem que possa mandar em sua própria existência. A “Vontade da
Potência” é condição essencial para a criação do Super Homem,
pois não há represálias para o espírito criador do homem.
Promover este homem superior deve ser o papel da educação. Ela tem
que despertar o desejo de autonomia no homem. A padronização neste
processo indica a repressão e, portanto a morte do indivíduo.
Para
ele, a educação, tal como hoje a entendemos, tem levado o homem a
construir três tipos de egoísmo que podem gerar outros três tipos
de indivíduos:
a)Comerciantes:
Está presente no ganho, no lucro, na ganância dos homens. É o
comportamento dos capitalistas.
b)Estado:
É o espírito da igualdade dos fracos, comandada por Partidos,
Burocratas e outros que somente visam a destruição do espírito
humano.
c)Ciência:
Se considera o único conhecimento válido. Desconsidera a “vontade
da potência” do homem.
A
Autonomia dos homens não vem da razão, mas sim da “vontade da
potência”, que é a energia presente em todos os seres para serem
capazes de transformar suas vidas e realidades mesmo diante de
grandes barreiras, tragédias ou péssimos acontecimentos. Nietzsche
quer a liberdade para o homem acima de tudo. Na história da
Filosofia e da própria Ciência, chegará o dia em que Dionísio
cobrará sua fatura. A necessidade de se pensar uma nova Filosofia,
menos exata ou propensa a exatidão, faz-se necessária para
construir um homem livre, crítico de sua realidade e transformador
de seu mundo. Não é atoa que Nietzsche tem tal preocupação. Foi
em fins do Século XIX que formalmente será fundada a Sociologia.
Uma tentativa de se criar uma resposta de uma Ciência Humana para os
desejos e ordens de progresso que o capitalismo exigia aos homens.
Desmembra-se a Filosofia e se cria uma Ciência que possa de fato dar
atenção e respostas ao trator do capital. O medo de Nietzsche era
real. A Filosofia faz parir seu último e mais recente filho, a
Sociologia, que nasce escrava absoluta da racionalidade humana e dos
urgentes processos de construção de um novo mundo: não aquele que
Nietzsche pensava, outro, mais Apolíneo do que Dionisíaco.
Religião:
“A
Filosofia é o exílio voluntário entre montanhas geladas”.
Para
o autor, toda vitória, toda conquista é fruto de luta e esforço
constante. “Não falem de dons ou talentos inatos.” Nietzsche
parece discordar da noção de alma que imaginava Sócrates pois,
este acreditava que o conhecimento era imanente ao homem, bastando
apenas levá-lo a reflexão para que pensasse sobre o mundo e a vida.
Os gênios, para Nietzsche, nasceram superando dificuldades,
geralmente sem talento ou apoio algum.
Parte
de sua Filosofia quer tentar nos dizer que as dificuldades da vida
humana são normais. Não devemos entrar em pânico ou desistirmos de
tudo, nossa dor vem da distância daquilo que somos e daquilo que
idealizamos pra nós no futuro. A dor seria uma angústia por não
sermos aquilo que desejamos ser. Por não dominarmos a receita da
felicidade, acabamos sofrendo. O segredo está em reagir bem ao
sofrimento ou quem sabe, usá-lo para construir coisas belas.
Nietzsche
foi o único Filósofo a achar que havia um lado bom no fracasso,
pois nós podemos nos beneficiar deles. Todas as vidas têm um grau
de fracasso. O que as faz serem suportáveis ou não é a forma como
o fracasso é encarado. Nietzsche vê no papel do jardineiro, uma
metáfora da vida. Todos os dias, estes profissionais tem de lidar
com plantas horríveis ou destruídas, raízes mortas,
semi-desenvolvidas, folhas manchadas ou comidas por insetos, entre
outras coisas. Sua função enquanto jardineiro é fortalecer e
modificar a natureza destas plantas, flores, folhas e raízes para se
tornarem auto-suficientes (dos cuidados do homem) e belas como na sua
própria natureza. Para ele, a vida passa pelo mesmo processo, temos
de saber lidar com situações tristes e difíceis e fazer nascer
algo de bom e belo nestas experiências. Sem dor não há ganhos.
Também
dizia que todos os espíritos elevados deviam ter horror ao consumo
de álcool pois ele traz a tristeza e nos distancia da felicidade. A
água era a bebida perfeita. A felicidade não vem da fuga dos
problemas, mas sim do ato de cultivá-los para extrair algo de
positivo deles. “É indecente ser Cristão hoje em dia” Diria
Nietzsche. Ele era contra o Cristianismo pelo mesmo motivo que
abominava o álcool: ir a um culto cristão, pode lhe fazer sentir
melhor rapidamente. Tal como o álcool, os efeitos passam muito
depressa, além de diminuir ou atenuar a energia que tais sofrimentos
podem impor ao homem, tornando-o acomodado. Há diferenças entre a
Igreja e o Bar, mas o tipo de consolo é o mesmo. O principal
problema do Cristianismo para Nietzsche era a eliminação da energia
que vem junto das desgraças ou infortúnios na vida. Energia essa
que nos ajuda ou nos faz reforçar ou renovar o modo como vivemos, a
forma como encaramos a vida e a própria vida e a realidade.
Ele
chama o Cristianismo de religião do conforto e convoca os homens a
saírem dessa vida fácil e enfrentarem os problemas da realidade em
busca da verdadeira realização. São os extremos da dor que nos
levam a felicidade. “Considerar o sofrimento como algo mau a ser
abolido, é o cúmulo da idiotice”.
Nem
tudo o que nos dá prazer, nos faz bem e nem tudo o que nos dá
desprazer ou tristeza, nos faz mal.