sábado, 9 de fevereiro de 2019

Resumo de alguns conceitos e passagens da obra de Nietzsche.


Nietzsche:

Este texto se trata apenas de um pequeno resumo de alguns “conceitos” na obra do filósofo Alemão e de alguns de seus argumentos. Não é especificamente a resenha de uma obra do autor propriamente dita. Para tanto, peço as iniciais desculpas por eventuais citações sem a fonte e por eventuais erros sem correções ou embasamentos. Parte deste texto vem de um documentário sobre Nietzsche feito pelo filósofo francês Alain de Botton.

Nietzsche vem para romper com o racionalismo prescrito em toda a Filosofia, desde os gregos até o Iluminismo. Faz uma contradição entre Apolíneos e Dionisíacos para retratar a realidade do comportamento humano. Apolo é o deus da razão, da lógica. Dionísio, o deus da criatividade e da sensibilidade do homem. Nietzsche quer o fim da racionalidade fria dentro da Filosofia.

Se opõe ao Socialismo e todos os outros regimes políticos que considera autoritários e que por ventura se prestem a reprimir o indivíduo. Ele não acredita na igualdade entre os homens. Também é contra a Democracia Liberal pois crê que todos estes Sistemas colocam os homens como escravos se subordinando a burocracias, regras inúteis e ao Estado.

Quando este Filósofo trabalha a expressão “Filosofia a marteladas”, quer nada mais que traduzir o choque de suas idéias e propostas que são uma tentativa de se destruir os mitos e as influências da religião e da política em nossas sociedades.

Vontade da Potência:

Um dos objetivos da Filosofia de Nietzsche é criar uma espécie de novo homem, ou um homem autônomo, que nada mais seria do que criar um homem que possa mandar em sua própria existência. A “Vontade da Potência” é condição essencial para a criação do Super Homem, pois não há represálias para o espírito criador do homem. Promover este homem superior deve ser o papel da educação. Ela tem que despertar o desejo de autonomia no homem. A padronização neste processo indica a repressão e, portanto a morte do indivíduo.

Para ele, a educação, tal como hoje a entendemos, tem levado o homem a construir três tipos de egoísmo que podem gerar outros três tipos de indivíduos:

a)Comerciantes: Está presente no ganho, no lucro, na ganância dos homens. É o comportamento dos capitalistas.

b)Estado: É o espírito da igualdade dos fracos, comandada por Partidos, Burocratas e outros que somente visam a destruição do espírito humano.

c)Ciência: Se considera o único conhecimento válido. Desconsidera a “vontade da potência” do homem.

A Autonomia dos homens não vem da razão, mas sim da “vontade da potência”, que é a energia presente em todos os seres para serem capazes de transformar suas vidas e realidades mesmo diante de grandes barreiras, tragédias ou péssimos acontecimentos. Nietzsche quer a liberdade para o homem acima de tudo. Na história da Filosofia e da própria Ciência, chegará o dia em que Dionísio cobrará sua fatura. A necessidade de se pensar uma nova Filosofia, menos exata ou propensa a exatidão, faz-se necessária para construir um homem livre, crítico de sua realidade e transformador de seu mundo. Não é atoa que Nietzsche tem tal preocupação. Foi em fins do Século XIX que formalmente será fundada a Sociologia. Uma tentativa de se criar uma resposta de uma Ciência Humana para os desejos e ordens de progresso que o capitalismo exigia aos homens. Desmembra-se a Filosofia e se cria uma Ciência que possa de fato dar atenção e respostas ao trator do capital. O medo de Nietzsche era real. A Filosofia faz parir seu último e mais recente filho, a Sociologia, que nasce escrava absoluta da racionalidade humana e dos urgentes processos de construção de um novo mundo: não aquele que Nietzsche pensava, outro, mais Apolíneo do que Dionisíaco.

Religião:

“A Filosofia é o exílio voluntário entre montanhas geladas”.

Para o autor, toda vitória, toda conquista é fruto de luta e esforço constante. “Não falem de dons ou talentos inatos.” Nietzsche parece discordar da noção de alma que imaginava Sócrates pois, este acreditava que o conhecimento era imanente ao homem, bastando apenas levá-lo a reflexão para que pensasse sobre o mundo e a vida. Os gênios, para Nietzsche, nasceram superando dificuldades, geralmente sem talento ou apoio algum.

Parte de sua Filosofia quer tentar nos dizer que as dificuldades da vida humana são normais. Não devemos entrar em pânico ou desistirmos de tudo, nossa dor vem da distância daquilo que somos e daquilo que idealizamos pra nós no futuro. A dor seria uma angústia por não sermos aquilo que desejamos ser. Por não dominarmos a receita da felicidade, acabamos sofrendo. O segredo está em reagir bem ao sofrimento ou quem sabe, usá-lo para construir coisas belas.

Nietzsche foi o único Filósofo a achar que havia um lado bom no fracasso, pois nós podemos nos beneficiar deles. Todas as vidas têm um grau de fracasso. O que as faz serem suportáveis ou não é a forma como o fracasso é encarado. Nietzsche vê no papel do jardineiro, uma metáfora da vida. Todos os dias, estes profissionais tem de lidar com plantas horríveis ou destruídas, raízes mortas, semi-desenvolvidas, folhas manchadas ou comidas por insetos, entre outras coisas. Sua função enquanto jardineiro é fortalecer e modificar a natureza destas plantas, flores, folhas e raízes para se tornarem auto-suficientes (dos cuidados do homem) e belas como na sua própria natureza. Para ele, a vida passa pelo mesmo processo, temos de saber lidar com situações tristes e difíceis e fazer nascer algo de bom e belo nestas experiências. Sem dor não há ganhos.

Também dizia que todos os espíritos elevados deviam ter horror ao consumo de álcool pois ele traz a tristeza e nos distancia da felicidade. A água era a bebida perfeita. A felicidade não vem da fuga dos problemas, mas sim do ato de cultivá-los para extrair algo de positivo deles. “É indecente ser Cristão hoje em dia” Diria Nietzsche. Ele era contra o Cristianismo pelo mesmo motivo que abominava o álcool: ir a um culto cristão, pode lhe fazer sentir melhor rapidamente. Tal como o álcool, os efeitos passam muito depressa, além de diminuir ou atenuar a energia que tais sofrimentos podem impor ao homem, tornando-o acomodado. Há diferenças entre a Igreja e o Bar, mas o tipo de consolo é o mesmo. O principal problema do Cristianismo para Nietzsche era a eliminação da energia que vem junto das desgraças ou infortúnios na vida. Energia essa que nos ajuda ou nos faz reforçar ou renovar o modo como vivemos, a forma como encaramos a vida e a própria vida e a realidade.

Ele chama o Cristianismo de religião do conforto e convoca os homens a saírem dessa vida fácil e enfrentarem os problemas da realidade em busca da verdadeira realização. São os extremos da dor que nos levam a felicidade. “Considerar o sofrimento como algo mau a ser abolido, é o cúmulo da idiotice”.

Nem tudo o que nos dá prazer, nos faz bem e nem tudo o que nos dá desprazer ou tristeza, nos faz mal.