Quais são os três
tipos puros de dominação?
Max Weber foi um dos três grandes Sociólogos da história desta
Ciência, juntamente com Durkheim e Marx. Acreditava o autor que existiam três
tipos de dominação que raramente apareciam sozinhos e geralmente uns ligados
aos outros. São eles:
1 - Tipo de
Dominação Tradicional: É a autoridade do
“passado eterno”, santificados pela falta de memória das pessoas, está no poder
pelo hábito, pela tradição, é o velho senhor feudal que se enraizou no comando
do feudo a tempos. O velho coronel das regiões secas e semi-áridas do sertão
pode ser outro representante deste velho mandatário.
2 - Tipo de
Dominação Carismático: Ele se apoia em seus dons da conversação e do
discurso. Pode ser o velho político populista que ganha o amor, respeito e
obediência das massas mediante seu heroísmo, seus ganhos, caso fosse um
guerreiro ou militar vitorioso em suas campanhas. Geralmente pode ser um chefe
de partido ou de algum movimento social ou popular numa determinada sociedade.
3 - Tipo de
Dominação Legal: Existe outra categoria de autoridade que se
empossa baseado num Estatuto, Leis, conjunto de regras previamente definidas ou
uma Constituição. É o que Weber chama de dominação racional/legal. Geralmente
vence ou é escolhido por sua competência. Um típico exemplo deste tipo de
autoridade é o Juiz de Direito que só inicia a carreira da Magistratura por sua
sabedoria das Leis e outros quesitos, além de sua competência por ter sido
aprovado numa prova.
Conceito de
Estado:
O conceito de Estado para Weber está amparado na seguinte sentença: “...devemos conceber o Estado contemporâneo
como uma comunidade humana que, dentro dos limites de determinado território
(...) reivindica o monopólio do uso legítimo da violência física.”[2]
Para Weber, assim como para Trotsky, o Estado se fundamenta no uso da força
e da violência física. Não existe Estado sem estas qualidades. Acredita-se
que Weber, ao pensar num Estado que necessite de tais características, recorra
a Thomas Hobbes, Filósofo inglês, autor da obra “Leviatã” de 1651. Neste livro,
os súditos abrem mão de seus direitos para uso exclusivo da força física centralizada
nas mãos do Estado afim de preservar a vida e evitar a guerra de todos contra
todos. Não que Weber irá concordar que as pessoas hoje em dia abrissem mão de
seus direitos, mas assim como Hobbes, que elas devem abrir mão do uso da
violência para que somente o Estado tenha a posse de tal ferramenta.
Weber também irá analisar as condutas dos políticos do passado e de
seu presente, argumentando em diversos exemplos o quanto o Estado foi vítima de
espoliação e corrupção durante toda a história da Humanidade. Ficará claro que
a única forma de se amenizar o mal que se chama corrupção e ausência de espírito
republicano entre os políticos que “vivem da política” e não os
que “vivem
para a política”, são aperfeiçoar e aprofundar mecanismos que
fortaleçam hábitos e “ethos” em prol
da constitucionalidade e respeito às regras do jogo democrático. Weber
argumenta que a Política deve ser realizada por aqueles que “vivem para a
política” e que usam a razão (e não as paixões) para a construção de um novo
mundo. São dois os tipos de ética para Weber:
Ética da
convicção: é o ato de tentar fazer o bem baseado nas suas
opiniões e experiências pessoais. Está ligada às paixões do ser humano. Pode
estar errada em diversas situações.
Ética da
responsabilidade: é o ato de tentar fazer o bem baseado na razão e
na ciência, independente do que as pessoas pensam ser o certo ou o errado. Pois
muitas vezes, as pessoas agem e pensam influenciadas pelas emoções e não pela
razão.
Conclusão:
Podemos pensar em Weber e nos seus conceitos puros de dominação para
encaixarmos alguns líderes políticos atuais em seus esquemas? Para alguns
Sociólogos e Cientistas Políticos, sim. O ex-Presidente Lula foi tido por um
Cientista Político brasileiro em seu primeiro mandato como uma figura do “Tipo
de dominação Carismática”. Acreditava tal Cientista que as massas tinham
respeito e carinho pelo presidente pela forma fácil e atraente com que se
dirigia ao povo falando geralmente de forma simples e bem humorada, o que
acabou cativando o público. Para outros, o ex-Presidente Chaves da Venezuela
seria o “Tipo de dominação Tradicional” pois sempre utiliza seu passado de
militar revolucionário e mais recentemente ao resistir e sobreviver ao golpe
que sofreu quando tentaram retirá-lo do poder.
Os diversos casos de corrupção como o mensalão petista e tucano, os
mensalinhos, os petrolões, os esquemas de corrupção do Banestado, da merenda,
do metrô, do trem em São Paulo e muitos outros, podem ser analisados sob a
“ética da convicção” e a “ética da responsabilidade” de Weber. A primeira pela
crença em fazer o bem na política, porém usando de caminhos duvidosos para se
manter no poder e “fazer o bem”. E a segunda pelo respeito ao que é do público
e não do privado, mas que não foi respeitada e atingiu quase todos os partidos.
[1] Texto do Professor Fernando Monteiro. Formado em
Ciências Sociais, com bacharelado e licenciatura pela PUC-SP (2007). Além de
especialização em Filosofia pela UGF (2012) e Mestrado também em Filosofia pela
PUC-SP (2014).
[2] Weber, Max. Ciência e Política: duas vocações. Editora
Cultrix. São Paulo-SP. Pg.56.